Sociedade

Acampamento do MST sofre atentado a tiros em Santa Helena de Goiás

No último da 4 de janeiro, o Acampamento Leonir Orbak do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de Goiás (MST-GO), localizado no município de Santa Helena de Goiás, foi vítima de um atentado a tiros praticado pelo Usina Santa Helena (USH).

No final da tarde, dois vigilantes fardados da empresa se aproximaram do acampamento e efetuaram vários disparos de pistola na direção de um grupo de famílias. Após mobilização dos acampados, os atiradores fugiram, mas deixaram cair um pente de munição.

Após o atentado, a direção do acampamento se articulou com o Núcleo de Direitos Humanos de Rio Verde e região e procurou a Delegacia de Polícia de Santa Helena para registrar um boletim de ocorrência. Lá, não obtiveram qualquer apoio do poder público. O pente de munição que foi entregue não foi registrado e não foi tomada nenhuma providência na busca por novas provas. Até o momento a Polícia Civil não forneceu qualquer informação sobre o andamento das investigações.

Conflito antigo

Não é a primeira vez que o Acampamento Leonir Orbak sofre violências e perseguições. O conflito entre os(as) trabalhadores(as) rurais e a Usina Santa Helena teve início em 2015, quando mais de 4 mil famílias do MST ocuparam diversas áreas que foram arrecadadas pela União junto à empresa.
A empresa, que integra o Grupo Naoum, tem mais de 1,1 bilhão de reais em dívidas trabalhistas e com a União, possui diversas denúncias de crimes ambientais e está em processo de recuperação judicial desde 2013.

Tanto o Juiz da comarca, Thiago Boghi, quanto o Ministério Público Estadual, tem se posicionado a favor da usina, criminalizando os militantes do MST na região. Resultado disso foi a prisão de Luis Batista Borges e de José Valdir Misnerovicz no dia 14 de abril de 2016. Luis continua preso até hoje, enquanto José ficou detido por 143 dias, sendo liberado após Habeas Corpus expedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O mesmo processo busca prender Natalino e Diessyka, exilados da luta pela reforma agrária.

Com o objetivo de denunciar a perseguição sofrida pelos seus militantes e de reivindicar a desapropriação da usina, o MST ocupou a fazenda Ouro Branco, próxima à USH, no dia 31 de julho de 2016 e lá permanecem graças a decisão do Tribunal de Justiça de Goiás, que suspendeu a reintegração de posse emitida pelo juiz Thiago Boghi.

Solução difícil

O MST-GO acredita que o conflito será solucionado com a desapropriação da USH, uma vez que ela possui um histórico de ilegalidades contra o meio ambiente, os trabalhadores da usina e com os militantes da reforma agrária. “Reafirmamos o nosso compromisso com a transformação do latifúndio da Usina Santa Helena em assentamento da Reforma Agrária e resistiremos a qualquer tentativa covarde de impedir nossa luta”, afirmou, em nota, o movimento.

A deputada Isaura Lemos, presidente da Comissão de Habitação, Reforma Agrária e Urbana da Assembleia Legislativa de Goiás, solicitou ao governador Marconi Perillo e à Secretaria de Segurança Pública esclarecimentos e a apuração dos fatos com a punição dos responsáveis pelo atentado. “Esse tipo de ato é criminoso e não pode ser tolerado em nosso estado. Os disparos efetuados contra o acampamento foram direcionados às famílias que estão ali porque não tem outra alternativa de se sustentarem”, ressaltou a deputada.

Isaura afirmou ainda que seu mandato na Assembleia irá se posicionar na defesa dos trabalhadores rurais sem terra. “Nosso mandato está a disposição das lutas populares. Não podemos admitir a omissão do poder público em casos como esse. Muitas crianças estavam lá na hora do atentado e poderiam ser atingidas por esses tiros. Essa irresponsabilidade poderia ter causado uma tragédia”, concluiu.

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