O Barão Vermelho engazopou rock brasileiro com poesia direta, desprovida de literatices, como se Rimbaud pedisse a mão de Allen Ginsberg, que uiva vestido de noiva às três da madrugada. À frente da banda no início, o furacão Cazuza lembrava Jim Morrison, vocalista do The Doors que fazia de seus shows um ritual dionisíaco: benzinho, eu ando pirado, rodando de bar em bar, girando de mesa em mesa e sorrindo pra qualquer um.
É o que se espera do resistente Barão nesta sexta-feira, 14, no festival Deu Praia, Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia. São duas datas nos palcos goianos: além do concerto realizado amanhã, o público terá chance de pedir mais uma dose, porque está a fim.Maurício Barros (teclado), Guto Goffi (bateria), Fernando Magalhães (guitarra) e Rodrigo Suricato (vocal e guitarra) estão na estrada com poderoso repertório.
Fases do Barão
Com a turnê “Barão 40”, em que a banda celebra Cazuza e Frejat, os fãs lavam a alma nos clássicos. “Maior Abandonado” é presença certa, assim como “Pro Dia Nascer Feliz”, ao que tudo indica, encerrará apresentação. “Por Que a Gente é Assim” embalará almas inebriadas pela embriaguez da qual fala o eu-lírico cazuziano. É bom ainda esperar músicas lado B da discografia baroniana, como o blues rasgado “Down em Mim” ou aquele para se ouvir abraçando uns quatro travesseiros, “Não Amo Ninguém”. E o flerte-boêmio “Ponto Fraco”.
Ora, rock ´n geral é bem alto, pra se ouvir de qualquer nave. Ah, sendo o Barão detentor de baladas adequadas às almas inebriadas pela paixão, o público se declarará ao parceiro (a) que por ele (ela) dançaria até tango no teto. Talvez toquem “Tua Canção”, balada folk no elepê “Na Calada da Noite” (1990), ou alguma surpresa de “Supermercados da Vida” (1992), como “Flores do Mal”. Do “Carne Crua” (1994), álbum influenciado pelo grunge, “Meus Bons Amigos” e, quem sabe? “Guarde Essa Canção”. Música boa é o que não falta.