O Ministério Público Português abriu um inquérito sobre uma suposta rede de adoções ilegais de crianças portuguesas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), revelou hoje aos jornais europeus a Procuradoria-Geral da República.
Há um inquérito relacionado a essa denúncia, tendo a mesma sido remetida ao DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa] para maiores investigações”, disse a Procuradoria-Geral da República em uma nota enviada à imprensa portuguesa.
O lar dedicado às crianças funcionou entre 1994 e 2001 de forma ilegal e acolhia crianças entregues diretamente por famílias em dificuldades, sem passar pelos trâmites legais, para serem adotadas como filhas. Os menores acabavam depois indo para outros países e acabavam sendo adotados ilegalmente por bispos e pastores da Universal.
Entre os casos mais chocantes estão os netos do bispo Edir Macedo, que supostamente seriam oriundos desta rede de tráfico de menores. Os netos de Edir Macedo, maior líder espiritual da IURD e empresário bilionário, teriam sido roubados em Portugal em um esquema de tráfico de menores que operou durante os anos 1990 a partir de um lar para crianças gerido pela igreja.
Muitas destas histórias só vieram à tona, 20 anos depois dos fatos, porque apenas agora foi possível recolher testemunhos e documentação original de pessoas envolvidas nos casos (incluindo mães das crianças traficadas) que se afastaram da IURD e divulgaram os esquemas.
Segundo a investigação, apesar de o Lar Universal funcionar de forma ilegal, muitas das crianças foram enviadas para lá pelos próprios tribunais e pela Segurança Social. As crianças eram depois disponibilizadas numa espécie de catálogo para serem levadas ao Brasil.
E tem mais: A TVI, emissora de televisão portuguesa promete questionar a credibilidade da Igreja Universal. A partir desta segunda-feira, 11, o canal exibe uma série de reportagens sobre a IURD.
A série, que contém dez episódios, é chamada de O Segredo dos Deus e acusa da Universal do Reino de Deus de “roubar” crianças portuguesas e infringir a lei com adoções ilegais na década de 90, quando a igreja possuía uma obra social chamada Lar Universal.
