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Rogério Troncoso é alvo de ação por corrupção na Prefeitura de Morrinhos

Processo aponta que ex-prefeito não contou a verdade ao Ministério Público sobre os crimes cometidos, e mesmo assim a primeira ação foi arquivada

O ex-prefeito de Morrinhos, Rogério Carlos Troncoso Chaves (MDB), está sendo processado por improbidade administrativa, segundo ação movida pela Prefeitura de Morrinhos, representada pelo atual prefeito Joaquim Guilherme (PSDB). A acusação baseia-se em desvios e apropriação de recursos públicos ocorridos durante a gestão de Rogerio Troncoso, envolvendo a venda ilegal de terrenos e o desvio de impostos municipais, em especial o imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).

A ação de improbidade administrativa foi apresentada ao juízo da Vara da Fazenda Pública da Comarca de Morrinhos – GO. A investigação revelou a existência de uma associação criminosa entre 2019 e 2020, responsável pelo desvio de valores provenientes da arrecadação tributária municipal e pela apropriação indevida de lotes urbanos. Uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público (MPGO), realizada no primeiro semestre do ano passado, trouxe a tona todo o esquema. O inquérito produzido pelo delegado responsável foi enviado ao MPGO, mas por razões desconhecidas dos morrinhenses e apesar da solidez das provas colhidas, o promotor do caso pediu o arquivamento. Desde então o assunto deixou de ser pauta para a justiça local. 

Entretanto, com a nova ação movida pela prefeitura, o ex-prefeito de Morrinhos pode ter que dar explicações sobre os desvios identificados nos cofres da prefeitura. O processo também pode colocar em check a pré-candidatura do emedebista, que tenta concorrer a prefeito da cidade neste ano.

De acordo com os documentos anexados ao processo, com o conhecimento do prefeito à época, Rogério Troncoso, o então procurador-geral, Rafael Rodrigues Sousa, com a ajuda de Cleomar Gomes de Oliveira e Leandro Afonso Arantes, desviou 11 lotes do município para benefício próprio. Entre os lotes desviados, destacam-se:

 

  1. Lote na Rua 204-A, Setor Aeroporto.
  2. Lote no Loteamento “Jardim Goiás”.
  3. Lote na Rua FC-5, Setor Irinéia de Freitas Chaves.
  4. Lote na Rua 208, Setor Aeroporto, entre outros.

Esses lotes foram transferidos para terceiros através de manobras fraudulentas.

Desvios de ITBI

Além dos desvios de lotes, a ação destaca que servidores a serviço de Rogério Troncoso, em conluio com o escrivão do Cartório de Registro Civil, desviaram aproximadamente R$ 626.391,42 referentes ao recolhimento do ITBI de diversos imóveis. Esses desvios foram encobertos por falsificações em documentos e registros públicos.

A investigação aponta que Rogério Carlos Troncoso Chaves, mesmo ciente das irregularidades, não tomou nenhuma medida para impedir os desvios. Em depoimento, a servidora pública Andiara Jungman Godoy Veneranda afirmou ter alertado o ex-prefeito sobre baixas indevidas de ITBI, sem que nenhuma ação corretiva fosse tomada por ele.

Processo aponta inverdades

Rogério Troncoso é acusado de cometer perjúrio durante seu depoimento ao promotor responsável pelo caso. Duas inverdades principais foram destacadas no documento apresentado. A primeira é que em seu depoimento, Rogério afirmou que não assinou as escrituras dos imóveis desviados, atribuindo as assinaturas a Rafael Rodrigues Sousa, então procurador-geral. No entanto, as certidões de compra e venda dos imóveis emitidas pelo cartório contêm as assinaturas do próprio Rogério, contradizendo seu testemunho.

Um trecho do depoimento ilustra a situação:

PROMOTOR: No próprio procedimento, o senhor fez uma solicitação para juntar as escrituras relacionadas a esses imóveis. O senhor verificou lá as assinaturas que constam? Era do Rafael mesmo?
ROGÉRIO: Não, eu não verifiquei, não conferi, não vi porque é […]
ADVOGADO: Normativa interna do cartório, eles não autorizam.
ROGÉRIO: Eles não autorizam.
ADVOGADO: Não autorizavam. Seu Rogério realmente alega que não assinou.
PROMOTOR: Mas no procedimento aqui foram juntadas as escrituras.
ROGÉRIO: …Inaudível (falando para dentro)… As assinaturas são do Rafael.

As provas apresentadas incluem as certidões de compra e venda dos imóveis, demonstrando que Rogério assinou as escrituras, desmentindo sua alegação inicial.

Outra inverdade apontada envolve o conhecimento de Rogério Troncoso sobre os desvios de ITBI. Em seu depoimento, ele afirmou não ter conhecimento dos desvios, mesmo após a funcionária da prefeitura, Andiara Jungman Godoy Veneranda, ter alertado sobre as irregularidades.

Trecho do Depoimento:

PROMOTOR: […] A pergunta é: o senhor, não chegou isso ao conhecimento do senhor lá? Ninguém falou: “Olha, prefeito, pode estar acontecendo um problema em departamento aqui e estão desviando coisas”?
ROGÉRIO: Não teve, não teve.

PROMOTOR: Essa história, depois que veio à tona, nós recebemos várias pessoas que vieram aqui trazer informações que possibilitaram a deflagração de outras operações relacionadas a outras fraudes, praticadas por esse mesmo grupo. E assim, me parecia que era algo recorrente na cidade. O senhor nunca ouviu essas histórias? “Olha, tem esses cargos aqui que estão com a procura de bens do município. Tem uns caras aqui que estão desviando dinheiro do ITBI.” O senhor nunca…
ROGÉRIO: Eu só fui observar, doutor, esse fato depois do dia 23 de dezembro.
PROMOTOR: […] A pergunta é: não chegou isso ao conhecimento do senhor lá?
ROGÉRIO: Não, não.
PROMOTOR: Ninguém falou: “Olha, prefeito, está acontecendo isso no departamento aqui. Estão desviando coisas”?
ROGÉRIO: Não, não teve, não.

As provas apresentadas incluem termos de comparecimento e declarações de Andiara, confirmando que Rogério foi informado sobre os desvios de ITBI.

As acusações de perjúrio complicam ainda mais a situação do ex-prefeito Rogério Troncoso. As inverdades detectadas no depoimento reforçam as evidências contra ele, ampliando a gravidade das acusações. O processo continua em andamento, aguardando novas deliberações da justiça.

Próximos passos

A ação de improbidade administrativa busca responsabilizar o ex-prefeito Rogério Troncoso por omissão e conivência com os atos ilícitos praticados durante sua gestão. A Prefeitura de Morrinhos, por meio desta ação, espera recuperar os valores desviados e aplicar as penalidades previstas na Lei de Improbidade Administrativa, visando proteger o patrimônio público e garantir a integridade da administração municipal. 

O processo segue agora para julgamento na Vara da Fazenda Pública da Comarca de Morrinhos, onde serão analisadas as provas e ouvidas as testemunhas envolvidas. A expectativa é de que os envolvidos sejam devidamente punidos, restabelecendo a justiça e a confiança na gestão pública do município.

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