Telemedicina: como a tecnologia tem apoiado a democratização da saúde
Em 2020, o Senado aprovou o uso emergencial da telemedicina durante a pandemia para desafogar os hospitais e para contribuir com as recomendações do isolamento social. A medida foi muito bem-sucedida e ajudou a ampliar o acesso à saúde, proporcionando um benefício ainda maior para a população de regiões remotas, com carência de serviços.
Com a recente aprovação na Câmara dos Deputados do projeto de lei que autoriza a telessaúde no Brasil em caráter definitivo, o país deu mais um importante passo no processo de democratização da saúde. Diante do avanço da digitalização neste setor, o uso de recursos tecnológicos para aprimorar o cuidado em saúde, como é o caso da telemedicina, faz muito sentido. Ainda mais com a implantação e a expansão da tecnologia 5G no Brasil, a conectividade e os serviços médicos referentes à telemedicina serão aprimorados.
Além de conseguir expandir os serviços em saúde para diferentes regiões, outra questão também fundamental, que precisa ser considerada, é a assistência à população idosa, que vem crescendo no Brasil. Com o envelhecimento, aumentam as chances de desenvolvimento de doenças crônicas e a telessaúde pode ser uma grande aliada no controle dessas enfermidades. O Departamento de Saúde do Reino Unido realizou uma pesquisa que demonstrou que o telemonitoramento em doenças crônicas, principalmente de idosos, ajuda a reduzir em 20% o número de admissões hospitalares e, caso seja admitido, o tempo de internação diminui em 14% e a taxa de mortalidade, em 40%.
O acompanhamento contínuo remoto estimula a adesão ao tratamento e garante desfechos clínicos mais otimizados. Este recurso ajuda também na conscientização e no incentivo às medidas de prevenção de doenças: dois fatores indispensáveis para reduzir o número de casos de doenças ou evitar e retardar o avanço delas.
A pandemia evidenciou os gaps no setor mostrando como o cuidado em saúde não tem tido a atenção necessária. Este foi um momento de reflexão e de mobilização para aperfeiçoar os serviços e conscientizar as pessoas sobre o quanto é importante cuidar da saúde de forma contínua. E, sem dúvida, a telemedicina é um grande respaldo para essas ações. Precisamos usar a tecnologia em favor dos pacientes, melhorando a experiência e os resultados.
E no fim, todos saem ganhando. As pessoas terão mais saúde e qualidade de vida. O sistema de saúde será mais sustentável, com menos gastos desnecessários com complicações de doenças e hospitalizações por longos períodos. E os recursos financeiros poderão ser aplicados em pesquisas e inovação para oferecer cada vez mais soluções disruptivas na saúde.
Cadu Lopes é CEO da Doctoralia