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O Homem do Cerrado: Filme Goiano participa de festival Internacional nos Estados Unidos

O documentário goiano, O Homem do Cerrado, é um dos finalistas do IndustryBOOST Competition, uma espécie de competição para o impulsionamento da indústria cinematográfica que acontece na Flórida, Estados Unidos. O filme foi produzido com recursos provenientes do Fundo de Arte e Cultura 2014/2015, do Governo de Goiás, e é o primeiro longa-metragem do cineasta goiano Wedersom Arantes.

O Homem do Cerrado retrata a vida do típico homem da roça, com seus costumes e modo de vida peculiar do interior goiano. Quase um Jeca Tatu, mas sem os clichês comuns a esse tipo de história contada pelo cinema. “O filme trata de um homem que vivia solitário no cerrado goiano e, a seu modo, era feliz assim. Até que algo, fora do seu controle, força-o a uma mudança repentina. Esse é um filme sobre solidão, sobre fé e sobre a relação do homem com a natureza, os animais e o lugar onde vive”, explica o cineasta.
Questionado sobre a mensagem que o vídeo pretende passar para o público, Wedersom explica que não fez o filme pensando em um objeto de autoajuda, ou coisa parecida. “Bob Dylan dizia que músicas com mensagem são chatas. Acho que isso meio que se aplica a filmes também. Mas, se o filme tiver alguma mensagem, penso que seria alguma coisa relacionada ao individuo estar sempre a mercê de coisas fora do alcance de suas mãos. Coisas que ele não pode mudar, mas que acabam por mudá-lo”, comenta.

Dificuldades de produção

Mesmo se tratando de um longa-metragem , O Homem do Cerrado não foi um filme muito complicado de se produzir, segundo contou o diretor. Ele explicou que tudo se resumiu a uma câmera, a fazenda e o personagem. A produção não envolveu uma grande equipe pois, segundo ele, isso poderia interferir no cotidiano do personagem e descaracterizar a ideia do vídeo. “Não lidamos com outros profissionais ou qualquer recurso de produção mais desafiador do que eu já tinha lidado em experiências anteriores. Nesse sentido, embora seja um longa, o trabalho em campo não reservou grandes novidades. A diferença maior ficou na fase de montagem mesmo. A coisa de condensar e estruturar todo o material gravado (mais de 150 horas no total) dentro de 100 minutos de tela foi o mais desafiador. Uma coisa é manter a atenção da audiência por 15 ou 20 minutos, outra é mantê-la interessada por quase 2 horas”, pontua.
De acordo com o cineasta, a maior dificuldade para a realização do filme se deu por atrasos no repasse dos recursos. As filmagens, que estavam planejadas para agosto e setembro de 2014 tiveram que ser realizadas em dezembro de 2014 e janeiro de 2015. “Mesmo que essa seja uma produção pequena, realizar um filme requer planejamento, prazos e contratos a serem cumpridos. Quando o investidor não cumpre seus prazos, toda a cadeia de produção fica comprometida, às vezes inviabilizada”, relata.

A importância do Fundo de Cultura

O Homem do Cerrado foi contemplado pelo Fundo de Arte e Cultura de Goiás, um programa da Secretaria de Estado de Educação Cultura e Esporte (Seduce) que se tornou o principal mecanismo de fomento e difusão da produção cultural de Goiás, tornando-a mais democrática e plural. O filme recebeu incentivo de R$ 30 mil destinado a produções de fora da capital e Região Metropolitana.
“O meu filme não existiria se não fosse o apoio do Fundo de Cultura, essa é a verdade. Financiamento estatal ainda é a única forma de se fazer filmes por aqui e no caso do Fundo, em comparação a outros mecanismos, foi adequado ao meu projeto por ser relativamente menos burocrático e por isso se adequar melhor a projetos menores e mais autorais”, descreveu o diretor.
A produção do longa-metragem durou nove meses e as gravações seis semanas. As filmagens foram feitas na região de Fiicolandia. Parte no município de Mara Rosa, parte no município de Amaralina, região norte de Goiás, a 360km da capital.
Wedersom ainda destacou a importância da Seduce elaborar o projeto pensando em todas as regiões do estado de Goiás, e não apenas na capital. “Outra característica bacana do Fundo é que há uma preocupação em melhor distribuir os projetos financiados por todo o território do estado e não concentrar o apoio apenas na região metropolitana. Um filme pequeno, de um cineasta desconhecido, realizado em uma cidadezinha a quase 400 km de Goiânia teria pouca chance de se concretizar num cenário onde disputasse com cineastas e empresas produtoras da capital”, explica.
Para o diretor o Fundo de Arte e Cultura é responsável pelo aumento e aprimoramento da produção cultural em Goiás. “O Fundo ainda é um mecanismo relativamente novo, há aspectos que precisam melhorar, mas é inegável o gás que ele trouxe a produção artística em todo o estado. Diariamente vemos ações e produções dos mais variados tipos saindo do papel graças a esse apoio”. Wedersom destaca, ainda, a trabalho realizado pela Seduce. “O pessoal responsável, na maior parte das vezes, demonstra bastante boa vontade e comprometimento no trato das questões relativas aos editais. também é constante a evolução e aprimoramento de todo o processo”, elogia.
Segundo explicou o cineasta, para ficar ainda melhor bastaria apenas que não houvesse atrasos no repasse dos valores. “O ponto negativo ainda é a coisa de atrasar os repasses. Isso torna inviáveis projetos mais ambiciosos e complexos”, lamenta.

O futuro

Wedersom Arantes contou que prepara outros filmes para este ano. Já possui, inclusive, outro projeto aprovado no Fundo de Arte e Cultura aguardando apenas a liberação dos recursos. “Tenho um episódio piloto para série de animação em stand by aguardando apenas o repasse do Fundo para dar inicio a produção. Possuo também mais dois projetos de documentários longa metragem aguardando financiamento”, comenta otimista.
O diretor, que também é roteirista, contou que, em 2017, está se aventurando em outro setor cultural. “Estou trabalhando nos roteiros para um curta e um longa-metragem de ficção. Mas esse ano quero experimentar algo fora do cinema. Estou escrevendo um livro de ficção. Espero ter boas notícias sobre isso em breve para compartilhar”, sorri.

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