Inábil politicamente, Wilder Morais expõe o PL em Goiás
A emissão de uma nota de repúdio contra Major Vitor Hugo, vereador eleito mais votado em Goiânia, é um exemplo
Os recentes acontecimentos envolvendo o Partido Liberal (PL) em Goiás e seu presidente estadual, o senador Wilder Morais, revelam uma condução política marcada por erros estratégicos e desgastes desnecessários. A decisão de Wilder de expor publicamente um racha interno, motivado por disputas pessoais entre o deputado federal Gustavo Gayer e o vereador eleitor por Goiânia Major Vitor Hugo, demonstra uma falta de habilidade para gerenciar crises e fortalece a percepção de que o senador não está preparado para liderar uma sigla que aspira protagonismo nas eleições de 2026.
A emissão de uma nota de repúdio contra Major Vitor Hugo, vereador eleito mais votado em Goiânia, é um exemplo claro de como Wilder e o núcleo do PL têm preferido acirrar tensões internas em vez de buscar convergências. O foco na expulsão de um aliado estratégico – alguém com capital político significativo e forte alinhamento ao bolsonarismo – não só enfraquece o partido como também evidencia a ausência de uma visão política mais ampla.
Não é a primeira vez que Wilder expõe o PL e o próprio Jair Bolsonaro a situações embaraçosas. Durante a eleição municipal em Goiânia, o senador levou o ex-presidente a acreditar que Fred Rodrigues, candidato do PL, tinha chances reais de vitória contra Sandro Mabel, apoiado pela base do governador Ronaldo Caiado. O resultado foi um fiasco eleitoral, que transformou a participação de Bolsonaro em um vexame nacional. A derrota desmoralizou a sigla no estado e enfraqueceu Wilder como líder partidário.
Agora, o mesmo padrão se repete. Em vez de consolidar alianças, Wilder tem optado por ampliar divisões. Sua postura de confronto com Major Vitor Hugo – que articulou um diálogo legítimo com o vice-governador Daniel Vilela – reflete mais uma disputa de ego do que uma estratégia política consistente. Wilder parece esquecer que o sucesso eleitoral exige pragmatismo, algo que o governador Ronaldo Caiado e Daniel Vilela demonstraram com habilidade ao costurar uma base política sólida, que saiu fortalecida das urnas.
Ao insistir em impor barreiras artificiais ao diálogo com adversários políticos – postura criticada publicamente por Vilela –, Wilder dá sinais de isolamento. Sua aposta em um projeto de candidatura própria ao governo em 2026 parece mais um desejo pessoal do que um plano factível para o partido. O senador ignora que o fortalecimento de um partido vai além de disputas internas e requer inteligência política para construir pontes e ampliar o campo de alianças.
O bolsonarismo, em Goiás, já mostra fissuras claras dentro do PL. A ala de Wilder, marcada por posições mais ideológicas e liderada por Gustavo Gayer, tem se distanciado de setores que reconhecem a necessidade de diálogo e pragmatismo. A crise interna do partido expõe o despreparo de Wilder em construir um caminho viável para a sigla, o que levanta dúvidas sobre sua capacidade de se lançar como candidato competitivo ao governo estadual.
Se Wilder Morais deseja consolidar sua liderança e o protagonismo do PL em Goiás, precisará rever sua estratégia e abandonar o personalismo que tem marcado sua gestão. Caso contrário, o partido corre o risco de se tornar irrelevante no cenário político estadual, refém de disputas internas e de uma liderança incapaz de enxergar além de seus interesses imediatos.