Internacional

Irã quer pena de morte para manifestantes

Após seis dias de manifestações, o líder supremo do Irã, ayatollah Ali Khamenei, quebrou o silêncio para acusar os inimigos do regime de Teerã de estarem por trás destes protestos, que já resultaram em pelo menos 21 mortos, e de quererem prejudicar o país. Presidente do Tribunal Revolucionário de Teerã já fala em aplicar a pena de morte aos manifestantes detidos.

Khamenei afirmou ontem que “nos últimos dias”, “os inimigos do Irã se juntaram usando os seus meios, o seu dinheiro, as suas armas e os seus serviços de informações para criarem problemas ao sistema islâmico”, de acordo com o site oficial do ditador iraniano. “Eles estão apenas à espera de uma ocasião para se infiltrarem e atacarem o povo iraniano”, acrescentou, sem elaborar quem são estes inimigos.

Ali Shamkhani, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional, afirmou que Estados Unidos, Reino Unido e Arábia Saudita estão por trás dos protestos. “Os sauditas irão receber a inesperada resposta do Irã e sabem quão séria poderá ser”, acrescentou Shamkhani, citado pela agência Tasnim.

Os protestos não param

A  onda de protestos que começou  em várias cidades do Irã  desde  quinta-feira passada foi, inicialmente, focada nas dificuldades econômicas e supostas corrupções, mas acabou por tornar-se uma manifestação políticas  contra a liderança islâmica que está no poder desde a revolução de 1979. O último balanço aponta para a existência de 21 mortos e 450 detidos. Segundo o ministro adjunto do Interior iraniano, Hossein Zolfaghari, 90% dos detidos têm menos de 25 anos, o que mostra como os mais jovens estão frustrados com as dificuldades econômicas e com a constante violação de seus direitos fundamentais.

As autoridades iranianas ameaçaram ontem os manifestantes com acusações de delitos, alguns punidos com a pena de morte. “Cada dia que passa e as pessoas são detidas aumentará o seu crime e castigo e nós já não os consideramos manifestantes a defenderem os seus direitos, mas sim pessoas que querem prejudicar o regime”, declarou o presidente do Tribunal Revolucionário de Teerã, Musa Ghazanfarabadí.

Os presos poderão ser declarados culpados de diferentes crimes, entre os quais estão “atentado contra a segurança nacional” e “inimizade com Alá”, ambos sujeitos à pena de morte, esclareceu Ghazanfarabadí. Podem ainda ser sujeitos à condenação por crimes de “destruição de bens públicos e destruição de bens pessoais”, entre outros, prosseguiu.

“Os que forem detidos a partir do terceiro dia dos distúrbios, terão os seus crimes e castigos pesados após o anúncio do Ministério do Interior sobre a ilegalidade destas manifestações”, referiu o presidente do Tribunal Revolucionário de Teerã.

Irã responde à Trump e Turquia tenta amenizar

O governo iraniano aconselhou ontem Donald Trump a ocupar-se “dos milhões de sem-abrigo e esfomeados” nos Estados Unidos, em vez de ficar tuitando sobre a situação no Irã. “Em vez de perder o seu tempo a enviar tweets inúteis e insultuosos contra os outros povos, [Trump] faria melhor se tomasse conta dos problemas internos no seu país, nomeadamente o assassínio de dezenas de pessoas todos os dias e os milhões de sem-teto e faminstos”, declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Bahram Ghassemi, citado pela imprensa local.

Ontem, no sexto dia de manifestações, o presidente dos Estados Unidos voltou a atacar o regime “brutal e corrupto” no poder no Irã. “O povo do Irã está finalmente a agir contra o brutal e corrupto regime iraniano. Todo o dinheiro que o presidente Obama tão tolamente lhes deu foi para o terrorismo e para os seus “bolsos”. O povo tem pouca comida, uma grande inflação e nenhuns direitos humanos. Os EUA estão atentos!”, tuitou ontem Trump. Na segunda–feira, o líder norte-americano tinha escrito que “os tempos da mudança” tinham chegado ao Irã, um dos principais alvos das críticas de Trump.

Em um  tom mais ameno a Turquia apelou ontem às autoridades iranianas para que evitem a provocação e a violência, pedindo ainda ao resto da comunidade internacional para que não intervenha nesta crise. “Acreditamos que o presidente Rohani deve evitar a violência e as provocações. Deve ter em conta que as pessoas têm direito a manifestar-se pacificamente”, afirmou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco, que reconhece, no entanto, que “a lei não pode ser violada e a propriedade pública não deve ser prejudicada”. “Desejamos que se garanta a paz no país e que prevaleça o senso comum para prevenir a escalada de acontecimentos, e que se evite a retórica provocadora e as intervenções externas”, acrescentou o mesmo documento.

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