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Em entrevista ao Hora Extra, Francisco Júnior fala de suas intenções para Goiânia

Pré-candidato do PSD à Prefeitura de Goiânia, o deputado estadual Francisco Júnior (PSD) diz, em entrevista ao Hora Extra, que  a primeira vez que entrou em um órgão público foi para comandá-lo. Diz ainda que saiu do PMDB porque o partido não soube lidar com novas lideranças, e que reencontrou, em seu novo partido, o gosto por fazer política.

Embora ainda dispute internamente com seu colega de partido, Virmondes Cruvinel, a nomeação do partido, o deputado afirma que tudo é feito na maior clareza e por meio do diálogo. Preocupado com os rumos que a cidade vem tomando, o deputado sonha em ser prefeito para implantar totalmente o Plano Diretor que elaborou quando secretário, e assim, transformar Goiânia na melhor cidade para se viver no Brasil.

Hora Extra: O Sr teve uma trajetória rápida na política goiana. Como aconteceu essa trajetória? Como o Sr entrou para a política?

Francisco Júnior: Eu tenho uma história muito curiosa. Eu não tenho parentes políticos. Só o meu avô, que na década de 1940, foi vereador em Ipameri, antes de se mudar para Goiânia. Então, eu não tenho parentes deputados, prefeitos, nada disso. Em 2004, eu fui convidado por duas pessoas que têm muita influência na minha formação política. Eu fui convidado pelo Maguito Vilela para me filiar ao PMDB e fui convidado pelo Flávio Peixoto para trabalhar nas eleições de 2004 em que o Iris Rezende foi candidato. E acabei me envolvendo e conheci um lado da política que eu não conhecia. Como todo cidadão que fica a média distância do poder, a gente fica distante e não sabe o que é a política, como as coisas funcionam, com as pessoas são. E essa experiência foi positiva, conheci muita gente, conheci a boa vontade da maioria das pessoas que participam da política. E no fim desse ano de 2004, eu fui convidado para ser secretário de planejamento do Iris Rezende. Depois, em 2008, fui candidato a vereador, fui eleito presidente da Câmara de Vereadores, fiz um bom trabalho à frente da Casa. Fiz uma gestão que foi bem avaliada. Eu consegui dar posse para todos os concursados, reformei toda a Casa, troquei todos os equipamentos da Casa, coloquei o painel eletrônico, investi em comunicação. Fui convocado a ser candidato a deputado e, na época, tive mais de 30 mil votos, só em Goiânia tive 19 mil.

HE: O Sr começou já como secretário de planejamento da Capital, como foi essa experiência?

FJ: A primeira vez que eu entrei em um órgão público foi para comandá-lo. Assumi a Secretaria de Planejamento em janeiro de 2005 e foi uma tarefa que me deu muita alegria. Foi um desafio muito grande. Eu assumi a secretaria de uma forma muito curiosa. A secretaria havia se mudado da Cidade Jardim para o Paço nos último dias de dezembro da gestão anterior, que foi a gestão Pedro Wilson. Então, eu assumi a secretaria com quase 400 funcionários que não sabiam nem aonde iam se sentar. Sem computador, sem mesa, sem móveis, dois ou três caminhões de mudanças estacionados na porta com todos os arquivos da secretaria, toda a história de Goiânia estava lá fora. Então eu tive a missão de reestruturar a Secretaria de Planejamento ao mesmo tempo em que eu tinha que dar uma nova perspectiva para o município de Goiânia. Porque nós tínhamos que fazer o Plano Diretor que era uma obrigação de lei. No mandato antes do nosso, eles tinham começado, mas não foi para frente, eles retiraram. Então foram muitos desafios administrativos. A secretaria tinha problemas de equipes, problemas administrativos, o normal dos órgãos públicos. Então eu fiz o primeiro e único concurso da história da Secretaria de Planejamento, investimos muito na qualificação do pessoal com programas de mestrado, especialização e doutorado, o que qualificou o pessoal para a gente mesmo tocássemos o Plano Diretor.

HE: O Plano Diretor da cidade foi o Sr quem fez. Como foi esse processo?

FJ: Nós tivemos um trabalho muito intenso na época. Foram mais de 800 horas de trabalho, de reuniões, de audiências públicas. O que resultou em um Plano Diretor bem feito, que, infelizmente, foi implantado apenas 30% do que foi aprovado. Ele precisa ser regulamentado e ele só foi regulamentado em parte.

O Plano Diretor ele trouxe um novo modelo para cidade. Um modelo especial em relação ao espaço. Considerando a função social do espaço. Lamentavelmente, a gente não se percebe a predominância desse novo modelo espacial. Vou dar um exemplo: o Plano Diretor propôs que as construções dos prédios fossem ao longo dos eixos de desenvolvimento, os eixos foram desenhados, mas estão com dificuldades de serem implantados. Ainda se constroem muito nas áreas de desacelerações. Que são as antigas áreas de desenvolvimento do passado, que são esses setores chamados paliteiros, dos planos anteriores. Então nós percebemos uma dificuldade ainda das pessoas entenderem esse novo modelo de cidade que estamos propondo. Esse Plano Diretor propõe que as áreas da cidade sejam mais distribuídas para que as pessoas precisem se deslocar menos para chegar ao seu emprego, para chegar em seu local de educação, de lazer. Não é o que percebemos na cidade hoje. Exemplo: é muito comum você perceber qualquer pai da classe média atravessar a cidade para levar o filho à escola, porque praticamente todas as escolas particulares de ensino médio estão em uma mesma região. Então, isso precisa ser mudado. Mas como fazer isso? É necessária uma política educacional que se distribua melhor no espaço, e isso é uma proposta do Plano Diretor que ninguém sabe. Uma melhor distribuição da indústria na cidade de Goiânia. Há uma discussão muito complexa em que se diz que Goiânia não é uma cidade para ter indústria. Claro que é! Basta que se saiba escolher quais tipos de indústria.

HE: E quais seriam essas indústrias?

FJ: Iniciou-se um projeto para que Goiânia investisse em dois tipos de indústria: a indústria da informática e a indústria do turismo. E as duas estão estacionadas. Temos vários centros de convenções em hotéis, mas não se percebe uma política de apoio para o desenvolvimento da indústria do turismo. Hoje, nós temos uma rede hoteleira muito melhor, mas muito mais mérito do trend turístico, dos grupos específicos, do que de uma política própria. Antigamente, nos tínhamos uma secretária de turismo, hoje nem isso nós temos mais. Na área de esporte e lazer: tudo que se tinha no passado foi acabando. As praças de lazer que existiam, não existem mais, por exemplo.  Então é fundamental que Goiânia tenha mais políticas voltadas para isso. Houve, recentemente, a política de criação de parques e é muito bom. Mas não foram implantados com isso um uso correto dos espaços dos parques. Por exemplo, se cada parque desses tivesse uma quadra de esportes, um campinho, e o poder público orientasse corretamente, nós teríamos aí muitos espaços esportivos na cidade, o que não está acontecendo. O Plano Diretor previa tudo isso, ainda prevê, mas, lamentavelmente, essas situações não são exploradas.

HE: Como o Sr perceber Goiânia hoje?

FJ: Goiânia é uma cidade muito bonita, que tem na sua história a gestação planejada. Goiânia foi planejada na sua origem. Lamentavelmente, muito do seu planejamento foi se perdendo por diversas razões. Então eu vejo Goiânia como uma cidade com muito potencial, mas com uma gestão muito confusa. Isso acaba que não deixa fluir todo o potencial da cidade. A cidade está com uma dificuldade muito grande de mostrar seus valores, suas qualidades. Ela está sombreada. É uma cidade que está na sombra. Tem problema no trânsito, tem problema na mobilidade, tem problema na organização do espaço. E tudo isso desemboca em problema de falta de segurança, um sentimento de falta de perspectiva. Então você tem uma cidade com um potencial muito grande que está sendo tolhida.

HE: E como o Sr vê a atual administração da cidade?

FJ: Eu vejo a administração atual desarticulada. É muito comum desde o início dela, desde quando ele substituiu o Iris Rezende, é muito comum percebemos que a prefeitura tem uma gestão desarticulada. Acontece da seguinte forma: uma secretaria parece não conversar com a outra. Uma secretaria planta uma árvore a outra vem e corta. Uma secretaria dá uma entrevista dizendo o que vai fazer a outra secretaria contesta. Então, são situações muito curiosas. Parecem que são várias gestões dentro de uma só, e isso gera uma confusão muito grande, é difícil para o cidadão compreender. O trânsito, por exemplo, cada dia mais confuso: você passa na rua em um dia e no outro dia já mudou o sentido da rua. Aí diz que vai acabar com os retornos nas grandes avenidas, de repente nós temos as avenidas travadas porque vão fazer o retorno. A cada momento a gente tem uma orientação, essa orientação não persevera. Ali na T-63 teve uma grande obra da ciclovia, aí descobriu que não dava para fazer a ligação com a outra avenida, aí a obra para porque não tem projeto…então a gente vê que uma secretaria não conversa com a outra, e o pior, nenhuma conversa com a Secretaria do Planejamento. E eu não culpo o prefeito por isso, a gente percebe que é algo do grupo político ao qual ele pertence, a gente viu isso na Gestão Pedro Wilson, que é uma pessoa muito culta e competente, mas a gente vê que o grupo político prefere fazer o loteamento de cargos e agir assim, colocando os problemas do partido à frente dos problemas da cidade.

HE: O Sr começou no PMDB, hoje o Sr é do PSD, um partido da base do governador. Como foi essa mudança?

FJ: A minha saída se deu de uma maneira engraçada. O PMDB é um partido muito grande, com muitos valores, mas, historicamente, ele perde suas lideranças em função da maneira que ele lida com isso. A gente viu isso no passado e a gente assiste isso no presente. Eu era muito ligado a um grupo interno do partido, que começou a pensar diferente. Na época surgiu a possibilidade de fundar um partido novo. Eu fui convidado para ajudar a pensar e a construir um partido que se apresentava com propostas diferentes dos que existiam, que é o PSD, presidido e idealizado, em Goiás, pelo ex-deputado e secretario de Cidades, o Vilmar Rocha. O deputado me fez o convite e eu achei muito interessante, e vi no PSD uma chance de fazer política de uma forma alternativa do que eu via acontecer e pude resgatar aquele sonho que eu via em 2004, de fazer política de uma forma diferente, com pessoas muito bem intencionadas, com pessoas com vontade de fazer acontecer. E estou muito feliz aqui no partido.

HE: O PSD tem apresentado outros pré-candidatos como o Virmondes Cruvinel, o Thiago Peixoto, Lincoln Tejota, como tem sido isso no partido? Vocês pensam em fazer prévias?

Tem sido uma questão espontânea, no sentido de que cada pessoa que ama essa cidade e está no serviço público quis se apresentar e colocar seu nome e o partido abriu essa possibilidade. Tivemos vários nomes, inclusive o do ex-deputado Vilmar Rocha, mas hoje já se afunilou um pouco mais porque fomos conversando, dialogando e foi-se chegando a um consenso partidário que se reduziu a dois nomes que é o meu, e do deputado Virmondes Cruvinel. Estamos todos conversando e eu não acredito que teremos disputas internas, nós teremos um projeto partidário. O PSD quer construir um projeto. No primeiro momento a gente tem vários nomes, mas à medida que vamos conversando, nós vamos construindo um projeto que deixa de ser do Virmondes, do Francisco, do Thiago e passa a ser um projeto do PSD para Goiânia. E aí sim, quando chegar esse momento, nós estaremos seguros para apresentar um projeto para a cidade.

HE: E quando e como será apresentado esse projeto do PSD?

FJ: Em termos de cronograma nós estamos seguindo o cronograma da justiça eleitoral que permite filiações até o final de março, que é quando o político pode mudar de partido, sem prejuízo eleitoral, então em todo estado nós vamos anunciar nossas candidaturas até abril. Agora no caso de Goiânia, nós queremos chegar a esse nome no final de fevereiro. Até porque com o tamanho da cidade, a articulação é mais complexa, nós precisamos ter também uma excelente chapa de vereadores. É fundamental que para entrar no barco seja preciso saber quem será o capitão. Então será em fevereiro para que tenhamos o mês de março para apresentarmos o nosso projeto, propostas, especialmente para os pré-candidatos a vereadores.

HE: O Sr sendo o candidato, quais seriam suas principais propostas para melhorar a cidade? FJ: Todo mundo sempre pensa em planos mirabolantes. Mas eu acho que antes de pensarmos em intervenções fantásticas, Goiânia precisa de uma intervenção de bom-senso. Nós vamos identificar o que é mais importante para a população e a partir daí vamos fazer algo diferente, algo inédito: nós vamos terminar as obras inacabadas, nós vamos ter um programa de encadeamento de obras. Por exemplo, eu só posso fazer a obra 6, se eu tiver terminado a 4 e a 5. Um plano claro de gestão para a área social, cultural, educacional. Clareza. Trazer transparência para a gestão. Goiânia hoje necessita de clareza nos projetos. Existem projetos muito bons que estão engavetados nas secretarias. Então eu vou  desengavetar e darei transparência. Vou te dar um exemplo: é essencial que o projeto Macambira-Anicuns termine, ou pelo menos aconteça, ele vem se arrastando há anos. As implantações dos eixos também. Sintetizando: se pegar o Plano Diretor e transformá-lo em realidade, Goiânia se tornará uma das melhores cidades para se morar no mundo.

HE: O Sr é de um partido da base do Governador, a mesma base que está disposta a lançar várias candidaturas, o Sr acredita nesse “quanto mais melhor”?

FJ: Eu não digo quanto mais melhor. Eu acho que em um primeiro momento a gente tem que discutir, debater a cidade, e isso é muito bom. Agora, a base aliada precisa tomar a decisão e ser mesmo uma base aliada. Os projetos não podem ser conflitantes, não pode ser cada um por si. Nós temos que disputar entendendo que os projetos são complementares, que os debates serão de alto nível, nós temos de identificar quem são realmente os inimigos dos nossos projetos. A forma do governador Marconi Perillo de tratar a coisa pública é diferente da forma de que outros grupos tratam a coisa pública. Então essas discussões vão acontecer naturalmente quando as candidaturas estiverem postas porque por enquanto as discussões estão mais internamente nos partidos. Quando estiver claro quem é quem, quem serão os candidatos, aí candidaturas podem se fundir, aí vem as alianças. O que eu prego é que a gente tenha clareza de saber onde estão nossos adversários, quem são os reais inimigos da cidade de Goiânia para que possamos fazer essa discussão com muito bom senso e razão.

HE: Então o Sr e a favor das alianças?

FJ: 100%. A gestão que eu proponho é uma gestão compartilhada, discutida. Eu não me considero um salvador da pátria, uma pessoa que possa trazer  sozinha as soluções. Eu espero que cada um de nós saiba aproveitar o que os outros têm a oferecer para ajudar a cidade. Como eu disse: a partir de março nós vamos conversar com os partidos, com as chapas de vereadores e aí sim, vêm naturalmente as alianças e as coligações.

HE: O Sr considera a candidatura do ex-prefeito Iris Rezende o maior desafio da base?

FJ: Não. Eu considero o maior desafio da base o buraco na rua, a falta de impermeabilidade da cidade, o lixo acumulado. A cidade está suja, a cidade está fedida. Eu respeito o Iris Rezende, eu não o vejo como inimigo, mas eu acho que ele também terá dificuldades para resolver os problemas de Goiânia.

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