Atrasos e Descasos: A Demorada Saga da Entrega do BRT Norte-Sul em Goiânia
A obra de fundação do trecho do Bus Rapid Transit (BRT) que passa pela Praça Cívica, em Goiânia, chamada por muitos de “interminável”, pode, finalmente, estar chegando ao fim

Após uma jornada que mais se assemelha a uma saga interminável, a tão aguardada entrega do trecho do Bus Rapid Transit (BRT) que atravessa a Praça Cívica, em Goiânia, parece estar, enfim, se aproximando de uma conclusão. No entanto, a trajetória até aqui é marcada por anos de atrasos, aumento exorbitante nos custos e ineficiência administrativa, refletindo uma gestão que deixa muito a desejar.
Iniciada em 2015, a obra de fundação do trecho do BRT que atravessa a Praça Cívica, apelidada de “interminável” pela população, não apenas atrasou consistentemente, mas também inchou o orçamento inicial em quase R$80 milhões devido a 17 aditivos contratuais. A estimativa inicial de mais de R$245 milhões saltou para quase R$325 milhões, expondo uma administração incapaz de controlar os gastos e planejar adequadamente a execução da obra.
A meta de disponibilizar a infraestrutura até o final de outubro, conforme divulgado, é apenas uma entre várias promessas não cumpridas ao longo dos anos. O reconhecimento do equívoco em deixar a parte central da obra para a fase final destaca a negligência das administrações anteriores, comprometendo a eficiência da conclusão. A população já suportou impactos significativos na Praça Cívica e no trânsito desde 2015, demonstrando o descaso prolongado.
Os relatos de uma obra que se arrasta remontam a 2015, quando o projeto já enfrentava um ritmo lento. Paralisações em 2017 devido a irregularidades no processo licitatório e a retomada tardia em 2018 somente evidenciam a falta de agilidade e eficiência. A rescisão do contrato em 2020, seguida de novo processo licitatório, enfatiza a inabilidade do governo em gerenciar um projeto tão essencial para a mobilidade urbana.
A entrada das obras no Centro de Goiânia impactou a Praça Cívica e a paisagem desde julho de 2021, refletindo um desprezo pela preservação do patrimônio histórico. Autorizações concedidas tardiamente pelo Iphan e a consequente retirada das árvores demonstram a ineficiência em coordenar um projeto de tal envergadura.
O secretário de infraestrutura destaca a importância do projeto para a mobilidade urbana, mas a população já questiona a eficácia de uma obra que, até o momento, mais se assemelha a uma miragem. Enquanto os usuários do transporte público sofrem com a demora e a ineficiência do sistema, a promessa de um BRT funcional continua distante da realidade, e a paciência da população se esvai a cada prorrogação e desculpa apresentada. A vigilância constante é necessária para assegurar que os atrasos não se estendam indefinidamente, privando a cidade de uma solução há muito prometida. O povo de Goiânia merece mais do que uma saga sem fim, merece a efetivação de um projeto que impacte positivamente suas vidas.