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Empreendimento economiza até 20 mil litros de água por dia com reúso das gotas do ar condicionado, em Goiânia

Mais uma vez, o goianiense vive o risco de ficar sem água. O problema é recorrente. Os principais reservatórios do País nunca se recuperaram completamente da seca histórica de 2014. No ano retrasado (2017), cerca de 38 milhões de brasileiros foram afetados por escassez ou falta de água no Brasil. Em 2018, em Goiás, o baixo volume de chuvas obrigou o Estado a decretar situação de emergência na Bacia do Rio Meia Ponte, que abastece mais da metade da população de Goiânia, reduzindo-se a vazão do sistema de 10.000 litros/s para 3.000 litros/s. O problema é que o consumo segue aumentando, conforme aponta a Agência Nacional das Águas (ANA): a demanda por água no Brasil deve subir em 30% até 2030. Atualmente, o consumo per capita (por pessoa) do recurso está em 108,4 litros por dia, conforme o estudo Conjuntura dos Recursos Hídricos do Brasil, elaborado pela ANA.

Nesse contexto, a discussão sobre reúso de água está sendo impulsionada pela necessidade de melhorar a disponibilidade hídrica, principalmente, nos grandes centros urbanos. Segundo a ANA, a meta proposta para o reúso não potável direto no Brasil é de aproximadamente 13 m³/s até 2030, frente aos quase 2 m³/s estimados em 2017. Contribuem para alcançar tal objetivo iniciativas como a do complexo imobiliário Órion Business & Health Complex, no Setor Marista, em Goiânia. Inaugurado em 2017, o mixed use com 191 metros de altura – hoje o edifício pronto mais alto do Brasil – possui duas formas de captação e reaproveitamento de água.

Uma delas é inédita em Goiânia: a captação e reuso da água que goteja nos drenos dos aparelhos da central de ar-condicionado, que é armazenada em um reservatório e tratada dentro do edifício. Engenheiro civil e um dos sócios do Órion Complex, Frank Guimarães calcula que o volume de água captado diariamente da central de ar-condicionado poderá chegar a 20 mil litros (20 m³), considerando o edifício funcionando em sua plenitude.

Essa água será utilizada para uso na limpeza do edifício e manutenção dos jardins. “Só a irrigação de jardins no Órion consome cerca de 35 m³ por dia”, informa Frank, ao lembrar que normalmente este gotejamento é desperdiçado. “Fazemos o reúso e deixamos de consumir água tratada que serve a mais pessoas”, diz. Para efeito de comparação, essa economia é suficiente para suprir a necessidade diária de 134 pessoas, tendo em vista o cálculo da Agência Nacional de Águas (ANA), para quem cada pessoa consome no Brasil, em média, 150 litros de água por dia.”

Chuvas

A chuva que cai sobre as superfícies do Órion também é reaproveitada. Atualmente, 100% da água utilizada na irrigação dos jardins do empreendimento, que consome 35 m³ do líquido por dia, vem desse reaproveitamento e de um sistema de captação de água da chuva. “O Órion foi projetado para captar água da chuva através das lajes impermeabilizadas.”

A economia com água no Órion, considerando a captação do ar-condicionado e da chuva, pode atingir até 25% ou 30%, dependendo da estação do ano. “O projeto estrutural do Órion Complex foi todo concebido levando esse conceito de economia de recursos”, comenta Frank Guimarães. Toda essa água captada fica armazenada em dois tanques, com capacidade de 16.800 litros e 35.700 litros, respectivamente, explica Frank.

O engenheiro civil acrescenta, em relação à captação pluvial, que o lençol freático também pode ser beneficiado com esse mecanismo. É que, quando os reservatórios estiverem cheios, com água sobrando, o volume excedente será direcionado para os chamados tanques de infiltração, que fazem com que a água chegue novamente ao lençol freático. De acordo com Frank Guimarães, o sistema de captação de águas pluviais adotado no Órion Complex favorece também o escoamento da água da chuva que escorre pelas ruas ao redor do edifício, contribuindo para evitar alagamentos durante e após tempestades, considerando que durante os momentos do maior pico de chuvas o Órion está retendo água em seus reservatórios e poços de infiltração, liberando água para o sistema de drenagem urbana apenas após os maiores volumes de chuva já estarem cessando.

Eletricidade

O engenheiro civil comenta que o sistema de ar-condicionado leva também a uma economia de até 40% na energia elétrica. É que, por ser dotado de inteligência artificial e mecanismos de última geração, o aparato consegue medir a demanda dentro do edifício para acionar o número exato de bombas hidráulicas necessários para atender à necessidade do momento. Se, por exemplo, o clima do dia favorece um ar mais fresco e o número de pessoas dentro do prédio não gera tanto calor no momento, o sistema, ao invés de acionar as três bombas, vai ligar apenas uma ou duas, ou mesmo diminui a frequência de rotação das bombas, conforme o necessário para garantir o conforto térmico no interior do complexo. O outro fator que auxilia na economia é a redução da carga de trabalho no sistema gerada pelos “Shadow Box”, ou caixa de sombras, que estão atrás dos vidros que recobrem a fachada do Órion. Eles conseguem reter os raios solares que batem no prédio, diminuindo a temperatura em seu interior.

O Órion Complex é um conjunto de empreendimentos, sendo a maioria deles segmentado na área da saúde. Além de 673 clínicas médicas e salas comerciais, o mixed use conta com um shopping especializado na área da saúde e um hotel de luxo, de bandeira Clarion, equipado com 160 acomodações. O complexo imobiliário terá também, ainda neste ano, um hospital de alta complexidade, com 240 leitos em apartamentos de alto padrão. A estimativa dos sócios do empreendimento é que 12 mil pessoas circulem diariamente pelo Órion, quando todas as operações estiverem em funcionamento.

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