Corrupção e crime organizado na mira das forças policiais do Estado de Goiás
Para o governador Ronaldo Caiado, o conceito de integridade tem se sobressaído na gestão da Segurança Pública. “Nós não interferimos no trabalho das nossas polícias. Elas têm total liberdade para investigar, prender, solucionar os crimes, não importa quem seja o investigado. Todas as novas ações de combate à corrupção são transparentes e nenhum órgão do governo é poupado nessas operações”, garante.
Diversas operações de grande porte foram realizadas nos últimos meses. Em agosto, a Polícia Civil, por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), deflagrou a Operação Puro Sangue, que resultou na maior apreensão de cocaína pura em Goiás: 532 quilos. Sete integrantes da quadrilha foram presos, entre eles, uma boliviana que, juntamente com o marido, chefiava o grupo. E também foram presos dois pilotos de aeronaves. Os policiais apreenderam, ainda, duas aeronaves avaliadas em R$ 600 mil e oito veículos de luxo. A quadrilha atuava há anos no Estado.
No mesmo mês, o Grupo Antissequestro (GAS) da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), desarticulou uma associação criminosa especializada em tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. Seis pessoas foram presas. Os policiais também apreenderam dois jatos executivos, um helicóptero, R$ 571 mil em espécie, 11 veículos, um jet ski e 13 relógios de luxo. De acordo com as investigações, o grupo trazia drogas da Bolívia, Colômbia e Peru para Goiás. Os entorpecentes eram levados, em seguida, para países da Europa.
Também em agosto, por meio da ação integrada as forças policiais, 41 suspeitos por tráfico de drogas e armas foram presos. Eles faziam parte de uma facção criminosa com atuação em vários estados e tinham envolvimento em crimes, como roubos e homicídios. Outras seis pessoas foram identificadas. O grupo agia de forma organizada e era dividido em células de crimes específicos. A Operação Lex Dominus foi realizada pelas polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal, com a participação da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP).
Em maio, a Polícia Militar, em operação conjunta com a Polícia Federal e a Força Aérea Brasileira, apreendeu um avião com 500 quilos de pasta base de cocaína. A carga seria entregue em Quirinópolis. Foram apreendidos, ainda, um veículo e armas de fogo. Três suspeitos reagiram à abordagem, dispararam contra os policiais, mas acabaram mortos. Piloto e copiloto da aeronave tentaram fugir, mas foram presos. Com a operação, as forças policiais causaram um prejuízo de R$ 7,5 milhões à quadrilha.
Outra ação de destaque foi a Sétimo Selo, deflagrada pela Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores (DERFRVA), que resultou na desarticulação de uma associação criminosa especializada em receptação e adulteração de veículos, em Goiânia. O grupo causou um prejuízo de R$ 50 milhões utilizando empresas de fachada para vender carros roubados. Em maio, foram cumpridos 18 mandados de prisão e 25 de busca e apreensão. Foram apreendidos 30 carros de luxo e, por meio de decisão judicial, os policiais conseguiram o sequestro de 51 imóveis, além de depósitos de R$ 40 milhões.
Os suspeitos viviam em condomínios de luxo da Capital. Além da receptação e adulteração de carros, eles atuavam com o tráfico de drogas. A quadrilha contava com dois grupos distintos, que eram chefiados por donos de lojas de veículos. Um dos núcleos era liderado por Luís César Martins de Souza e Luís Eduardo Martins de Souza – mais conhecidos como “Irmãos Bola” -, e proprietários de três lojas. O outro grupo ficava sob a liderança de Lindemberg Hudson de Souza e Ulemberg Nunes de Lima, sócios de uma loja.
De acordo com o secretário de Segurança Pública Rodney Miranda, a repressão ao crime organizado será cada vez mais intensificada. “Avançamos muito ao longo deste ano e tenho certeza que muito mais será feito. Vamos continuar trabalhando de forma integrada, conforme determinação do governador Ronaldo Caiado, e coibir os grupos que articulam o crime organizado”, afirma.
Combate à corrupção
Logo no início da atual gestão, o governador Ronaldo Caiado anunciou a criação da Superintendência de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado, no âmbito da SSP. Liderada pelo delegado Alexandre Lourenço, a superintendência soma esforços para levar uma nova vertente de atuação do Estado na repressão efetiva à corrupção, atuando em parceria com delegacias especializadas, como Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap) e Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT). Várias operações foram desencadeadas desde janeiro neste sentido.
Exemplos de cortes na carne não faltam: a ação que resultou na prisão de um ex-delegado, de um agente e de um escrivão da própria Polícia Civil, em Anápolis, no mês de julho, serve como exemplo. Destaque também para as três fases da Operação Mákara, da Polícia Civil, que apura fraudes em processos licitatórios em obras públicas da Secretaria de Estado da Educação (Seduc). As fraudes foram cometidas em gestões anteriores. Em julho, a DOT cumpriu sete mandados de busca e apreensão em casas de empresários ligados à construção civil, em Goiânia. Mais de 40 empresas envolvidas no esquema foram identificadas na época. Também é apurado o envolvimento de um servidor público, já afastado, que teria direcionado para que determinadas empresas vencessem os processos de licitação.
Na segunda etapa da operação, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão em Goiânia, Aparecida de Goiânia e São Luís de Montes Belos. Na primeira fase, em maio, o governador Ronaldo Caiado exonerou todos os servidores que, segundo as investigações, participavam do esquema. A atual gestão da Seduc colabora, desde o início deste ano, com as investigações da Polícia Civil. A pasta declarou apoio integral ao trabalho dos policiais.
Em julho, a Polícia Civil, por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap), deflagrou uma operação para desarticular um esquema fraudulento no Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo). De acordo com as investigações, as irregularidades tiveram início em 2011, e o prejuízo pode chegar até R$ 500 milhões. “Não só buscamos coibir a ação dos criminosos dessas organizações, mas também recuperar, e com isso , mitigar o prejuízo causado para a sociedade e para os cofres públicos”, ressalta o superintendente Alexandre Lourenço.