Entre os bens tombados está o Theatro Sebastião Pompeu de Pina, que recebeu do Iphan R$ 5,1 milhões em investimentos para restauração
Pensar em Pirenópolis ou “Piri”, como os goianos costumam chamar, é pensar em raízes tradicionais. O conjunto arquitetônico, urbanístico, paisagístico e histórico da cidade completa, nesta terça-feira (10), 33 anos de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura.
A cidade surgiu por volta de 1927 e é berço da cultura que caracteriza o povo goiano. O Conjunto Arquitetônico, Urbanístico, Paisagístico e Histórico de Pirenópolis é tombado pela União, com inscrições nº 105, no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico (10/01/1990) e nº 530, no Livro do Tombo Histórico (10/01/1990). O bem é composto por casarões, ruas e igrejas da arquitetura colonial.
“A cidade reúne um dos mais ricos acervos patrimoniais do Centro-Oeste e mantém vivas suas tradições” ressalta o superintendente do Iphan-GO, Allyson Cabral.
Entre os bens que integram o conjunto estão a Igreja de Nossa Senhora do Carmo/Museu da Arte Sacra do Carmo, Museu das Artes do Divino, Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, Theatro Sebastião Pompeu de Pina (Teatro de Pirenópolis), Cine Teatro Pireneus, Ponte Sobre o Rio das Almas e Fazenda da Babilônia.
O Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, explica que a arquitetura da cidade tinha a simplicidade e o despojamento da solução pragmática, voltada ao atendimento das necessidades mais básicas, utilizando-se dos materiais e da mão-de-obra disponível.
“A cidade tinha o formato de um quadrado, suas ruas eram retas e largas com calçadas dos dois lados, as casas eram altas e caiadas de branco, tendo quintais abundantemente plantados. Era um típico arraial do ciclo do ouro, dotado do necessário aparato secular e religioso, mas, como as outras povoações das minas goianas, desprovida de qualquer luxo ou rebuscamento”, descreve o Livro do Tombo.
Outro destaque citado no documento são as paisagens naturais que compõem Pirenópolis. Ele destaca que, tão importante quanto a paisagem arquitetônica na configuração de Pirenópolis, é a belíssima paisagem natural circundante, composta pelas encostas dos morros e sua abundante vegetação e pelos rios e córregos que cortam a cidade, todos intensamente usados pela população como locais de lazer.
O arquivo detalha, ainda, que a cidade manteve acesa a criatividade que sempre a caracterizou, através de um forte apego a seus valores e tradições, justificando o tombamento do conjunto.
Theatro Sebastião Pompeu de Pina
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional retomou, em novembro de 2022, a obra de restauração do Theatro Sebastião Pompeu de Pina, localizado na Rua Comendador Joaquim Alves, no entorno da Igreja Matriz de Pirenópolis (GO). A primeira etapa da revitalização foi iniciada em dezembro de 2019.
O teatro faz parte do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico, Paisagístico e Histórico da Cidade de Pirenópolis, tombado pelo Iphan em 1990. A última restauração do teatro foi feita entre os anos de 1998 e 1999.
O edifício é clássico e possui estilo híbrido luso-brasileiro, com estrutura de madeira. Por conta disto, surgiram danos estruturais, diagnosticados em 2019. Para conter os problemas, a Superintendência do Iphan em Goiás promoveu uma ação de salvamento emergencial de reestruturação do edifício como garantia da sua permanência dentro do conjunto tombado de Pirenópolis.
Dentre os serviços executados, destacam-se os serviços de retirada de entulhos e materiais remanescentes com devida limpeza e desinfecção dos ambientes. Também foram realizados serviços de reestruturação da fachada frontal; remoção de esquadrias de madeira não originais e serviços de recomposição dos vãos e esquadrias de madeira a permanecerem. Foi executada, ainda, a retirada do lanternim do telhado, visto que será instalado um sistema de climatização fechado. A medida garante dispersão mínima da temperatura e menor impacto visual nas fachadas do edifício assim como maior conforto acústico ao Teatro.
A expectativa é que a obra de 667,41 m² fique pronta em 11 meses. “Concluídos os serviços, o prédio será um espaço de que abrigará eventos culturais. Devolveremos à comunidade para que esta possa utilizá-lo novamente”, ressalta o superintendente do Iphan-GO. A restauração do local conta com o investimento de R$ 5.187.079,67 disponibilizado pelo Governo Federal. Foram investidos R$ 2.160.301,38 na primeira etapa e R$ 3.026.778,29 na segunda.