Um avanço na regulação do Transporte na Região Metropolitana de Goiânia
Tal situação decorria do fato da CDTC, a Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo, ente responsável pela definição das políticas de transportes, ser extremamente político (composto por prefeitos, deputados e vereadores) e que, no lugar de buscar a melhoria da qualidade do serviço fazia políticas eleitorais.
Outro fator crítico do modelo institucional antigo, era que os entes federativos (Estado de Goiás e Municípios) nunca assumiram responsabilidades diante à Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC), fato que, na prática, implica em um descompromisso com os serviços de transporte coletivo ofertados à população, tornando órfãos os usuários, que em regra não contavam com nenhum tipo de apoio. Portanto, a solução foi a de tornar efetiva a participação do Estado de Goiás, dos municípios de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo como acionistas da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), confirmando a natureza e abrangência metropolitana do Sistema, propiciando também sua governança metropolitana.
O transporte coletivo, como é percebido hoje pela sociedade, é insatisfatório em todos os níveis e tende a perder ainda mais usuários se nada for feito. É a maneira mais lenta de se deslocar pela cidade, consumindo tempo precioso da vida do usuário e, para completar, o submete a um esforço físico enorme nos embarques e integrações.
O transporte coletivo está posicionado perante a sociedade como SERVIÇO PÚBLICO. Como tal, permeado de percepção negativa.
Então a Nova CDTC não é um fim, mas o principal passo para transformação do transporte público na RMG. E somente com um órgão deliberativo, despolitizado, atuante e mais próximo dos problemas da sociedade e dos usuários podemos ter perspectivas positivas.
O Mova-se Fórum de Mobilidade espera que os novos membros da CDTC possam ter em mente o qual importante é a função que eles assumiram no dia de hoje e que possam ser iluminados nesta nova e histórica jornada que é a Reestruturação e transformação do transporte na Região Metropolitana de Goiânia.
Miguel Angelo Pricinote é geógrafo pela UFG, mestre em Transportes pela UNB. Foi diretor de Transporte da RedeMob e autor dos livros: “Confiabilidade da Rede de Transporte Público Urbano” e “2020: O ano que o problema do transporte público foi desnudado pela Covid-19: Uma história que não podemos esquecer”.
Sobre o Mova-se
O Mova-se Fórum de Mobilidade é uma iniciativa sem fins lucrativos e sem vinculação político-partidária que quer discutir o passado, o presente e o futuro da mobilidade urbana. Com especialistas, técnicos e professores, a iniciativa quer promover alternativas para problemas chave da mobilidade e fomentar o debate com as diversas vozes da opinião pública.
Num momento em que a mobilidade urbana foi colocada no seu pior patamar da história, é importante nos perguntarmos sobre o futuro do ir e vir de toda sociedade. O transporte público de passageiros, bicicletas, aplicativos de transporte, pedestres e carros particulares precisam conviver em harmonia e cumprir, cada um o seu papel nessa engrenagem. Mas como chegar a um modelo ideal? É preciso discutir a cidade, as pessoas, urbanismo e mobilidade. Com embasamento técnico queremos apontar caminhos e soluções para reestruturar a mobilidade urbana para o período pós pandemia tendo como base a refundação do transporte público urbano e os princípios da Lei Federal da Mobilidade.