STF julga denúncia dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes nesta terça-feira
Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, avalia processo contra cinco suspeitos. Grilagem de terras e atuação de milícias são apontadas como motivações para o crime.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta terça-feira a denúncia dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista Anderson Gomes. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso e presidente da Primeira Turma, liberou o processo para análise. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou, em maio, cinco suspeitos de envolvimento no crime: o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) Domingos Brazão, o delegado Rivaldo Barbosa, e o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, além de Robson Calixto da Fonseca, conhecido como Peixe.
A denúncia da PGR aponta que os homicídios foram ordenados por Domingos e Chiquinho Brazão, com o objetivo de defender interesses de milícias e regularizar um condomínio em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Eles são acusados de serem os mandantes do crime. Segundo a Polícia Federal, o ex-policial militar Ronnie Lessa — que confessou ter atirado nas vítimas — relatou em sua delação que Chiquinho demonstrou “descontrolada reação” à atuação de Marielle durante votação de um projeto de lei em 2017.
A defesa de Chiquinho Brazão nega seu envolvimento nos crimes, alegando falta de provas que estabeleçam uma conexão direta entre ele e os executores do homicídio. Entretanto, a PGR sustenta que a exploração de terras e a especulação imobiliária na Zona Oeste do Rio motivaram o crime. Lessa afirmou que foram prometidos a ele lotes de terrenos na Praça Seca, e a Élcio de Queiroz, motorista do carro usado no crime, seriam entregues terrenos invadidos na Barra da Tijuca como pagamento.
O delegado Rivaldo Barbosa é acusado de ter usado sua autoridade para garantir impunidade aos mandantes do crime, assegurando que todos os envolvidos permaneceriam protegidos. Em sua defesa, Barbosa nega as acusações e diz não conhecer os outros envolvidos. A PF relata que Barbosa teria dado “carta-branca” aos irmãos Brazão, garantindo que o crime ficaria impune e evitando extorsões por parte dos investigadores.
Ronald Paulo Alves Pereira, o major Ronald, que já cumpre pena por outros crimes, é acusado de ter informado sobre o paradeiro de Marielle Franco no dia do crime e de monitorar seus movimentos uma semana antes do ataque. Ele é apontado como ex-chefe da milícia da Muzema e teria levantado informações sobre a rotina da vereadora. A defesa de Ronald afirma que não há evidências concretas que comprovem seu envolvimento nos assassinatos.
O julgamento no STF marcará um passo crucial no processo, buscando justiça para Marielle Franco e Anderson Gomes, em um caso que escancarou a influência das milícias e a corrupção em instituições do Rio de Janeiro.