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Setor Sul, o sonho da Cidade Jardim precisa ser requalificado.

O projeto original do Setor Sul, em Goiânia, idealizado por Attilio Corrêa Lima e assumido e executado por Armando de Godoy, foi fortemente inspirado no conceito de “Cidade-Jardim” de Ebenezer Howard, que preconiza uma integração harmoniosa entre áreas urbanas e a natureza, com a presença de muitos espaços verdes e praças.

Os planos de Armando de Godoy para as praças do Setor Sul incluíam:
Grande quantidade de áreas verdes:

O projeto original destinava uma parcela significativa do espaço para áreas verdes públicas (cerca de 17,33% da área total) e praças, o que resultou em um bairro conhecido por ser “cheio de praças”.
O Setor Sul foi projetado por Armando de Godoy como uma cidade-jardim, seguindo as ideias urbanísticas da época, com o objetivo de priorizar a convivência social e o contato dos moradores com as áreas verdes.

O projeto incluía a construção de becos (cul-de-sac) e a implantação de áreas verdes interligadas, para que as casas tivessem frentes voltadas para as áreas de convívio e fundos para as vielas de carros. No entanto, o plano original não foi totalmente executado, sendo descaracterizado pela ocupação imobiliária que priorizou as áreas de acesso de veículos e a especulação imobiliária.
O projeto de Armando de Godoy para o Setor Sul tinha os seguintes princípios:
Cidade-jardim:
O projeto foi inspirado no modelo de cidades-jardim, com foco no bem-estar dos moradores e na convivência harmoniosa.
Convivência e segurança:

A ideia era criar espaços de convivência, com o trânsito de carros restrito às vias de maior tráfego, enquanto as áreas internas seriam destinadas aos pedestres e a circulação segura dos veículos em baixa velocidade.

Dupla frente dos lotes:
Os lotes teriam duas entradas: uma para a área verde e outra para o cul-de-sac (becos), para que os moradores pudessem usar a entrada frontal para a área de convívio e a de fundos para a garagem.
Descaracterização do projeto foi ocasionada por:
Pressão do mercado imobiliário:
As pressões do mercado imobiliário levaram os moradores a construir as casas de frente para as ruas (cul-de-sac) e de costas para as áreas verdes, com o objetivo de facilitar o acesso dos carros.
Marginalização das áreas verdes:
Com o tempo, as áreas verdes foram abandonadas e se tornaram espaços perigosos, devido à falta de manutenção e à ocupação irregular.
Ocupação irregular:
Muitas áreas verdes foram apropriadas por proprietários de lotes adjacentes ou se tornaram espaços baldios.
Avenida Cora Coralina:
O projeto original foi descaracterizado pela construção da Avenida Cora Coralina, que cortou e desfigurou algumas áreas verdes.
Importância para drenagem urbana.
As praças do Setor Sul de Goiânia desempenham um papel crucial na drenagem urbana da cidade, funcionando como importantes áreas verdes permeáveis que ajudam a absorver e reter a água da chuva, prevenindo alagamentos. Essa função é vital para a cidade, pois o solo permeável das praças contribui para a recarga do lençol freático e ajuda a evitar o escoamento superficial excessivo que causa inundações, especialmente na região central.
Funções das praças no Setor Sul para a drenagem:
Absorção e retenção de água:
As áreas gramadas e arborizadas das praças são essenciais para a absorção da água da chuva, reduzindo o volume que escoa para as ruas e sistemas de drenagem.
Prevenção de alagamentos:
Ao absorverem a água, as praças evitam enchentes e alagamentos que podem ocorrer com o excesso de chuvas, protegendo a infraestrutura urbana.
Recarga do lençol freático:
O solo permeável das praças contribui para que a água da chuva se infiltre e chegue ao lençol freático, uma fonte de água subterrânea importante para a região.
Equilíbrio microclimático: As áreas verdes também ajudam a regular a temperatura e o microclima local, o que é benéfico para a qualidade de vida na cidade.
Desafios e preservação:
Adensamento excessivo:
A venda de áreas públicas no Setor Sul para construção é uma ameaça, pois o adensamento excessivo pode prejudicar a capacidade de drenagem natural da área.
Necessidade de revitalização:
Há um movimento de moradores e arquitetos para que o Setor Sul seja valorizado como um “parque central” para toda a cidade, com a criação de ciclovias, pistas de caminhada e manutenção de jardins.
É fundamental que o planejamento urbano considere o papel essencial dessas praças, buscando soluções sustentáveis que preservem essas áreas verdes para garantir o bom funcionamento da drenagem e a qualidade de vida em Goiânia.

Arquiteto e Urbanista Garibaldi Rizzo
Coordenador Técnico do Grupo Executivo de Projetos Prioritários da Prefeitura de Goiânia.

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