
Sempre se apoiando no bolsonarismo para reforçar sua pré-candidatura a Prefeitura de Aparecida de Goiânia, o deputado federal Professor Alcides (PL) enfrenta uma rejeição cristalizada da comunidade evangélica – segmento que representa o núcleo duro do conservadorismo da direita brasileira. A resistência do seguimento já é uma preocupação conhecida do parlamentar, e mais uma vez tende não só o enfraquecer, como também ser a razão da subida vertiginosa nas pesquisas eleitorais de seu principal adversário: Leandro Vilela(MDB).
Praticamente todas as grandes igrejas do município já declararam apoio ao emedebista. Em parte isso se deve a articulação feita pelo ex-prefeito e apoiador de Leandro Vilela, o Gustavo Mendanha. Além de ser evangélico, ele tem uma relação que foi bem construída com o segmento durante seu mandado de prefeito e também na campanha ao governo, em 2022. Neste cenário, a relação das lideranças evangélicas com o governador Ronaldo Caiado tem um peso considerável. As igrejas sempre tiveram bom trânsito no governo estadual e apoiam o governador desde 2018 – não seria agora que deixariam de abraçar um de seus projetos eleitorais, ainda mais sendo na segunda maior cidade do estado.
Se do lado de Leandro Vilela há compromissos e apoiadores que atraem as lideranças evangélicas, que lhes permitem um diálogo mais direto com os fiéis, do lado do professo a rejeição é uma constante. A rejeição tende a crescer conforme a campanha avança, à medida que os adversários exploram os pontos fracos do candidato. Alcides está familiarizado com esse processo, tendo experimentado esse fenômeno em eleições anteriores. Em campanhas passadas, Alcides enfrentou rejeição significativa ao concorrer à prefeitura, perdendo em 1996 e 2016. Em ambas as ocasiões, sua popularidade inicial foi decaindo até a derrota para Ademir Menezes, em 1996, e para Gustavo Mendanha, em 2016, quando ficou em terceiro lugar, atrás de Marlúcio Pereira.
Com o apoio unânime dos pastores evangélicos a Leandro Vilela, a rejeição entre os membros dessas igrejas volta a ser um problema para o Professor Alcides. Sua situação se complicou ainda mais após uma declaração infeliz, na qual afirmou a necessidade de votos de diversas origens, incluindo “católicos, evangélicos e macumbeiros”, misturando categorias que não são bem vistas pelo segmento evangélico, especialmente os “macumbeiros”. Declarações imprudentes como essa alimentam a percepção de que Alcides comete erros que prejudicam sua campanha, pavimentando o caminho para o seu próprio insucesso nas urnas.