Para a população do Centro-Oeste, celebridades são as principais vítimas de cancelamento, revela pesquisa Observatório FEBRABAN
A cultura do cancelamento e o bullying nas redes sociais são cada vez mais perceptíveis entre a população. E as celebridades são consideradas as principais vítimas dessas práticas.
Essas são algumas das conclusões para o Centro-Oeste da 11ª Edição do Observatório FEBRABAN — Pesquisa FEBRABAN-IPESPE Bullying e Cancelamento: Impacto na Vida dos Brasileiros. Realizada entre os dias 21 de maio e 2 de junho, a pesquisa traça um amplo panorama a respeito do grau de conhecimento dos brasileiros sobre bullying e cancelamento no país.
Sobre a cultura de cancelamento, 31% dos entrevistados disseram conhecer a expressão. Os principais alvos de cancelamento lembrados foram os famosos e celebridades (42%), mas outros 34% afirmam que qualquer pessoa nas redes sociais pode ser cancelada; 76% acham que as situações de cancelamento aumentaram.
Ao serem perguntados se haviam sido vítimas, viram ou tomaram conhecimento sobre pessoas que foram alvo de cancelamento nas redes sociais, 35% disseram que sim; outros 34% responderam afirmativamente que cancelaram ou conhecem pessoa próxima que tenha cancelado alguém na internet.
A frase relacionada ao cancelamento que mais alcançou concordância entre os entrevistados foi “o cancelamento é uma forma de chamar as pessoas à responsabilidade sobre como se comportam e o que publicam nas redes sociais” (71% concordam).
Para 56% dos entrevistados, as redes sociais e seus canais de denúncia são as responsáveis por prevenir ou coibir a cultura do cancelamento: a sociedade, por meio associações e serviços especializados, recebeu 38% das menções.
Entre os famosos mais citados como “cancelados” nas redes sociais estão Karol Conká (22%) e Luiza Sonza (8%).
Bullying e cyberbullying — Ainda na região, a expressão “bullying” é de conhecimento de 83% da população. Como situações caracterizadas como “bullying”, foram citadas agressões que visam humilhar ou ridicularizar alguém (77%) e as agressões repetitivas, verbais ou físicas, feitas na intenção de ofender ou ferir a outra pessoa (60%).
Afirmaram terem sido vítimas, visto ou tomado conhecimento sobre pessoas próximas que foram alvo de bullying 31% das pessoas. Os comportamentos e situações de bullying mais citados foram os xingamentos, provocações, humilhações (64%) e a propagação de boatos negativos sobre a pessoa ou sua família (44%).
A pesquisa revela que 66% afirmam ter a percepção de que as pessoas que sofrem esse tipo de ocorrência preferem ficar caladas; no país, a média dessa constatação é de 62%. Para os entrevistados, as vítimas preferem recorrer às próprias redes sociais em que o cyberbullying ocorreu (22%) ou a amigos e conhecidos (18%).
Entre as razões que fazem as vítimas de bullying ou cyberbullying não denunciarem nem procurarem ajuda, foram citadas o medo de retaliação ou a vergonha (ambas com 53%) e a descrença em obter apoio (51%).
A frase relacionada ao bullying que mais alcançou concordância entre os entrevistados foi “se a brincadeira discrimina, humilha ou ridiculariza alguém ou grupo, já não deve mais ser encarada como brincadeira” (84% concordam).
Para 60% dos entrevistados, o ambiente escolar (escola ou faculdade) é o local onde o bullying ocorre com mais frequência. O ambiente digital (celular/ internet/ redes sociais/ e-mail) foi lembrado por 29% das pessoas.
Os principais alvos de bullying e cyberbullying citados foram a cor ou raça (27%) e aspectos físicos ou padrões de beleza (22%).
Segundo a pesquisa, a principal consequência do bullying e cyberbullying para as vítimas e a sociedade são os problemas psicológicos, como insegurança, ansiedade, distúrbios alimentares, depressão, suicídio (67% das respostas).
Ainda de acordo com o levantamento, a motivação mais comum de quem pratica bullying é a busca de popularidade e também a afirmação de poder (ambas com 22%).
Para 80% da população do Centro-Oeste, a ocorrência de bullying aumentou muito no Brasil; quanto ao cyberbullying, essa percepção de maior ocorrência é ainda maior (83%). Aqueles que acham que o bullying e cyberbullying são tratados no Brasil de forma insuficiente somam 53%.
Quanto à expectativa sobre a evolução do problema do bullying no país nos próximos cinco anos, 34% acreditam que ela vai melhorar, outros 26% acham que não vai se alterar e 30% apostam que vai piorar.
Foram apontadas entre as ações mais importantes para prevenir e combater o bullying e o cyberbullying entre os jovens as campanhas de conscientização e informação (40%) e o apoio psicológico, educativo e judicial (34%).
Pesquisa nacional – Na média nacional, 35% dos respondentes disseram já terem sido vítimas ou tomaram conhecimento de pessoas que foram alvo de bullying.
A maioria dos entrevistados (62%) ressalta o silêncio das vítimas, que não denunciariam os agressores por falta de apoio (48%), medo de retaliação (46%) e vergonha (também 46%).
As situações de bullying consideradas mais recorrentes, em pergunta de múltiplas respostas, são principalmente xingamentos, provocações e humilhações (61%). Também foram citados boatos negativos (44%), promoção do isolamento (33%), ameaças, intimidações e chantagem (27%) e perseguição (26%).
Em todas as regiões, como primeira resposta sobre a quem as vítimas costumam recorrer em casos de bullying, destaca-se a procura por familiares e amigos (32%). Em seguida, vêm as delegacias, que somam 28%. As próprias redes onde houve as ocorrências são citadas por 23% do total da amostra.
“O bullying e o cyberbullying tornaram-se um grave problema de saúde pública. Depressão, baixa autoestima e tentativas de suicídio são alguns exemplos de consequências dessas condutas, evidenciando a necessidade de ampliar o esclarecimento e a discussão sobre o tema”, aponta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE. Para ele, esse conhecimento se torna especialmente importante em uma sociedade contemporânea, “mais intolerante e onde a privacidade quase inexiste, mas que, ao mesmo tempo, demanda por mais empatia, ética, responsabilidade e transparência nas relações pessoais e corporativas”.
O Observatório Febraban ouviu 3 mil pessoas em todas as regiões do país, das quais 53% são do sexo feminino. O perfil dos entrevistados tem ainda 43% na faixa dos 25 a 44 anos; ensino médio (41%) e renda familiar de até dois salários mínimos (48%).
Sobre o OBSERVATÓRIO FEBRABAN
O OBSERVATÓRIO FEBRABAN — Pesquisa FEBRABAN IPESPE, foi lançado em junho de 2020 com objetivo de se tornar uma fonte de informações sobre as perspectivas da sociedade e o potencial impacto econômico-financeiro, ouvindo a população e estimulando o debate em diversos setores. Com periodicidade trimestral, a iniciativa é parte de uma série de medidas da Febraban para ampliar a aproximação dos bancos com a população e a economia real, de forma cada vez mais transparente.
Sobre o IPESPE
O Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), fundado em 1986, é uma das instituições mais respeitadas do Brasil no setor de pesquisas de mercado e opinião pública. E conta com um conselho científico formado por especialistas de diversas áreas, o qual é presidido por Antonio Lavareda, mestre em sociologia e doutor em ciência política.
Tem equipes operacionais e consultores em todos os estados do País e atuação em âmbito nacional e internacional, sempre atualizado com o que há de mais inovador em técnicas e sistemas de pesquisas. A experiência, o rigor técnico e a agilidade do IPESPE têm se transformado em ferramentas fundamentais para que empresas privadas, governos e organizações possam conhecer melhor o seu público e o mercado..