IDF encontrou pacotes com munições e poços com explosivos na mesquita Al-Nasr. “Locais sagrados, como a mesquita Al-Nasr, não devem ser usados como uma frente para o terrorismo” afirmou as Forças Armadas Israelenses por meio de rede social. (Foto: Reprodução/Twitter)
A maior operação israelense na Cisjordânia em 20 anos foi iniciada neste domingo, (02), às 19h, na cidade de Jenin. Com o uso das forças aéreas e mais de mil tropas, a ação tem como alvo múltiplos centros de terrorismo na região, inclusive um imóvel utilizado por diversos grupos armados.
De acordo com as Forças Armadas de Israel, a ação é uma resposta à crescente tensão entre Israel e terroristas palestinos, que vem intensificando seus ataques nas últimas semanas. No momento, diversos militantes armados se escondem dentro de uma mesquita, no campo de refugiados, em Jenin. Soldados israelenses estão cercando o local, e ataques aéreos contra os terroristas já foram realizados próximo à mesquita.
Ao iniciar a operação, o Shin Bet, serviço secreto interno, mandou milhares de SMS para palestinos na cidade, pedindo para que fiquem dentro de casa e protejam suas famílias. A mensagem em árabe diz: “Nossas forças estão operando neste momento em Jenin contra militantes. Fique em casa e cuide de sua família”
Oficiais de saúde palestinos afirmaram que oito pessoas foram mortas e ao menos 27 foram feridas, incluindo sete em estado grave. Apesar de ainda não haver nenhum pronunciamento de organizações terroristas sobre as mortes, vários deles foram identificados como membros de grupos armados.
O Ministro da Defesa, Yoav Gallant, afirmou que a operação israelense em Jenin, na Cisjordânia, está “progredindo conforme o planejado”, de acordo com comentários emitidos por seu escritório. “Nas últimas horas, nós demos um duro golpe contra organizações terroristas em Jenin e registramos conquistas operacionais impressionantes”, afirmou Gallant.
André Lajst, cientista político especialista em Oriente Médio e presidente executivo da StandWithUs Brasil, explica o que levou a operação na Cisjordânia: “Nas últimas semanas, vimos ataques massivos vindo de Jenin contra cidadãos israelenses, o que não era comum até alguns anos atrás. E é importante entender que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) também não consegue entrar, por meio de suas forças de segurança, na cidade. As operações terroristas deixaram de ser centralizadas na região de Gaza e se estenderam para a Cisjordânia. O aumento do conflito nessa região representa um enorme perigo para a população israelense e palestina, devido à proximidade da Cisjordânia às maiores cidades de Israel: Jerusalém e Tel Aviv. Israel não vai deixar isso acontecer”, afirma Lajst.
Contudo, de acordo com o especialista, ações israelenses tendem a incitar respostas dos grupos terroristas. “O Hamas já está fazendo pronunciamentos para que a população palestina se junte à luta armada. Essa é uma resposta comum às mortes de terroristas na região. O que vemos é uma espiral de violência que não possui previsão de término”, explica Lajst.
Entenda o conflito na Cisjordânia
Desde o começo do ano passado, Israel tem enfrentado uma onda de ataques de grupos armados não ligados a grupos terroristas, conhecidos como Jihad Islâmica e Hamas, que estão fazendo atentados de oportunidade contra civis e soldados israelenses dentro de Israel e na Cisjordânia. Esse território é parcialmente controlado pela Autoridade Palestina e parcialmente controlado por Israel. “São milhares de homens armados na Cisjordânia, financiados pelo Irã, com dinheiro da Jihad Islâmica, mas sem afiliação ao grupo. Às vezes, o dinheiro também vem do Líbano através do Hezbollah”, explica o especialista André Lajst.
“Eles estão ativamente trabalhando para fazer com que a região inteira pegue fogo e para que Israel precise fazer ações e isso leve a uma terceira intifada, um levante palestino, uma quebra de relações diplomáticas de Israel com os países árabes, e que Israel fique isolado no mundo com as suas relações diplomáticas estremecidas”, afirma Lajst sobre os atos terroristas.
O especialista explica, ainda, que o conflito não possui previsão de término: “Ele só vai acabar quando a República Islâmica do Irã, o maior financiador do terrorismo no mundo, parar de financiar o terrorismo não só lá, mas em toda a região do Oriente Médio”, explica.