Estelionatário de Goiás aplica golpe de R$ 100 milhões em produtores rurais e bancos
Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão em Goiânia, Porangatu e Pindamonhangaba contra suspeitos de esquema milionário de fraudes imobiliárias e financeiras
A Polícia Civil cumpriu na terça-feira, dia 29/10/2024, 08 (oito) mandados de busca e apreensão nas cidades de Goiânia, Porangatu e Pindamonhangaba, como parte de uma investigação em andamento sobre um esquema de fraudes imobiliárias e financeiras que causou prejuízos milionários a várias vítimas, incluindo instituições financeiras e pessoas físicas. A operação é conduzida pela 4ª Delegacia Distrital de Polícia de Goiânia, a partir da denúncia inicial da vítima FAT, uma das principais vítimas do suspeito Thiago da Matta Fagundes e sua Associação Criminosa.
As investigações começaram quando FAT procurou a 4ª Delegacia Distrital de Goiânia para denunciar um negócio de compra de fazenda realizado com Thiago da Matta Fagundes. FAT relatou que havia feito o pagamento total pela fazenda, localizada em Porangatu-GO, e adiantado valores para que Thiago quitasse dívidas relacionadas ao imóvel, que servia como garantia para credores. Contudo, Thiago não honrou esses compromissos financeiros e, além de não quitar as dívidas, contraiu novos empréstimos junto ao banco Sicoob em valores de somam R$ 16.000.000,00 (dezesseis milhões de reais), também utilizando a fazenda já vendida como garantia (CP, 171, §2º, I) . Esse esquema impediu a vítima de registrar a escritura da propriedade em seu nome, levando-o a recorrer à justiça para obter a posse da fazenda, da qual Thiago o impediu de acessar, mantendo pessoas armadas no local.
Com o aprofundamento das investigações, a Polícia Civil descobriu um esquema mais amplo de fraudes cometidas por Thiago da Matta Fagundes e seus associados. Devido a restrições em seu nome, Thiago utilizava-se de “laranjas” para formalizar contratos e obter empréstimos junto a instituições financeiras, ocultando assim sua participação direta nas operações. Esses laranjas, que também foram alvos de busca e apreensão, eram usados para viabilizar a movimentação dos valores e realizar a distribuição dos montantes, compondo um esquema de lavagem de dinheiro que gerou cerca de R$ 100.000.000,00 (cem milhões de reais) em prejuízos.
No total, as investigações revelaram cinco vítimas principais, além de diversos bancos e credores lesados. Entre as principais vítimas, destacam-se:
1. FAT – Com um prejuízo estimado em R$ 16 milhões (valor que onera o imóvel adquirido). FAT sofreu com as dívidas não quitadas e os novos empréstimos contraídos por Thiago com a fazenda como garantia, o que o impediu de registrar a propriedade, além de ter sido impedido, mediante violência e grave ameaça, a tomar posse do imóvel e gerar renda com ele.
2. TAPM – Proprietário da Fazenda Nossa Senhora de Aparecida, em Rio Sono, Tocantins. Essa vítima teve seu imóvel arrendado e posteriormente utilizado como garantia para financiamentos não pagos. Avaliada em cerca de R$ 15 milhões, a fazenda de TAPM está em risco de execução. O prejuízo real dessa vítima é de cerca de R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), valor esse que, utilizando-se de laranjas e empresas de faixada, foi apropriado integralmente por Thiago da Matta Fagundes, além de mais R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais), relativos ao arrendamento não pago.
3. FS – Produtor rural que vendeu gado a Thiago da Matta Fagundes. A vítima, após realizar pequenos negócios com Thiago e seus associados, foi ludibriado a entregar a ele 1.000 (mil cabeças de gado) pelo valor de cerca de R$ 5,7 milhões. Thiago entregou com forma de pagamento cheques que foram sustados, enviou o gado para o abate e apropriou-se integralmente do valor obtido.
4. OMR – Também do setor agropecuário. A vítima, assim como FS, perdeu mais de R$ 2,3 milhões em vendas de gado para Thiago e cia, que jamais efetuou os pagamentos combinados, também tendo entregue cheque de terceiros sustados.
5. GHAL – Teve um prejuízo de R$ 4,2 milhões, também com venda de gado, sendo que Thiago utilizou-se exatamente do mesmo modo de agir.
6. Multiplix Multissetorial Fundo de Investimentos – A empresa foi enganada em R$ 10,2 milhões ao aceitar como garantia um imóvel cuja certidão de matrícula havia sido adulterada pelo investigado e sua Associação Criminosa.
7. Thiago da Matta Fagundes e seus associados falsificaram uma escritura pública de compra e venda da fazenda Disparada, avaliada em mais de R$100.000.000,00 (cem milhões de reais), de propriedade da vítima LMAJ e seus familiares, e a alienou no banco Itaú em quase R$50.000.000,00, dos quais o investigado conseguiu sacar R$10.000.000,00.
Além das vítimas pessoas físicas, diversos bancos também foram lesados pelo esquema de Thiago, que usou informações falsas e garantias inválidas para conseguir financiamentos milionários.
Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos documentos, dispositivos eletrônicos e registros bancários que poderão auxiliar na reconstrução do esquema e na identificação de outras pessoas envolvidas. Além disso, foi localizada uma arma de fogo ilegal em posse de Thiago da Matta Fagundes, o que possibilitou sua prisão em flagrante. Também foi apreendida uma camionete na posse de Thiago, sendo que, para ocultar a origem e a real propriedade do bem, Thiago apresentou um contrato de locação do veículo, o que certamente contribuirá para a investigação do crime de Lavagem de Dinheiro.
Thiago é bem conhecido na cidade de Porangatu, onde mantém grande influência e, conforme apurado, já fez diversas outras vítimas. Relatos indicam que muitos moradores da cidade temem represálias do suspeito devido ao seu poder de influência e histórico de fraudes na região.
Em razão do grande interesse público, divulga-se o nome e a imagem do líder da associação e, desde já, solicitamos que as novas vítimas, eventualmente existentes, entrem em contato com a 4ª Delegacia de Polícia de Goiânia.
Participaram da investigação toda a equipe da 4ª Delegacia de Polícia de Goiânia e a operação contou com o apoio da GPO, da Delegacia Regional de Porangatu e da Polícia Civil do Estado de São Paulo.