
Diante da possibilidade de ser tarifado em 50% pelos Estados Unidos nos próximos dias, o setor pecuário brasileiro deve buscar uma maior diversificação dos destinos para a carne bovina, além de vender mais para parceiros já estabelecidos. Em 2024, o estado registrou o abate de 4 milhões de cabeças de gado, um crescimento de 13,4% em relação ao ano anterior, o que representa cerca de 1,16 milhão de toneladas de carne bovina produzidas. Goiás é o terceiro maior produtor e exportador do país.
Segundo Uacir Bernardes, diretor-executivo do Fundo Emergencial para a Sanidade Animal de Goiás (Fundepec-Goiás), cerca de 30% da carne goiana é exportada, com 12,22% deste volume tendo como destino os Estados Unidos. “Embora a possibilidade de taxação adicional preocupe, o mercado internacional de carnes está bastante aquecido, e o Brasil mantém vantagem por ter hoje a carne mais barata do mundo”, afirma.
Com a possível frustração da expectativa de crescimento das vendas para os EUA, que já importaram 100 mil toneladas de carne brasileira no primeiro trimestre deste ano, Bernardes diz que o setor já está se preparando para reagir. “Havia uma previsão de vender 400 mil toneladas para os americanos este ano. Caso a nova tarifa seja mantida, devemos buscar redirecionar parte da produção para outros mercados.”
O dirigente do Fundepec destaca também o cenário favorável em relação a outros compradores. “A China, nosso maior cliente, recentemente impôs tarifa à carne australiana, o que pode beneficiar o Brasil. Além disso, países como Arábia Saudita e México podem ampliar a participação nas importações da carne brasileira”, avalia.
Margem para negociação
A possível nova taxação dos EUA viria a somar-se à tarifa atual de 26%. Se confirmada, o percentual total de 76% tornaria inviável a manutenção das exportações ao mercado americano. No entanto, o setor vê espaço para reposicionamento. “Estamos atentos ao que pode acontecer até a próxima quarta-feira (6/8), prazo para negociações sobre a entrada no regime de exceção. Ainda há margem para entendimento”, acredita Bernardes.
Uma das alternativas consideradas, caso a exportação para os EUA seja inviabilizada, é o redirecionamento de parte da produção para o mercado interno. Isso pode gerar pressão sobre os preços pagos aos produtores, mas segundo Uacir Bernardes ainda é cedo para qualquer diagnóstico definitivo.
Foto: Uacir Bernardes, diretor-executivo do Fundo Emergencial para a Sanidade Animal de Goiás (Fundepec-Goiás)