Desde 1988, a política de Goiânia carrega uma peculiaridade: nenhum prefeito apoiado pelo governador de Goiás foi eleito na capital. A última vez que isso aconteceu foi com Nion Albernaz, do então PMDB, que venceu Pedro Wilson, do PT, em uma disputa que contou com o forte apoio do então governador Henrique Santillo. Albernaz foi o último candidato a conquistar a prefeitura de Goiânia com o respaldo do Palácio das Esmeraldas, quebrando uma tradição que, até hoje, permanece como uma barreira para governadores que tentam fazer seu sucessor no maior município do estado.
Desde então, todos os prefeitos eleitos em Goiânia surgiram como oposição ao governo estadual, consolidando uma resistência dos eleitores da capital em relação aos candidatos patrocinados pelo poder. Um dos maiores exemplos dessa tendência é o ex-governador Marconi Perillo, que, em quatro ocasiões, tentou emplacar seus candidatos à prefeitura, mas acabou amargando derrotas. Em 2016, por exemplo, Perillo apoiou Vanderlan Cardoso, que nem sequer chegou ao segundo turno. Esses insucessos fazem de Perillo o “campeão pé-frio” em Goiânia, alimentando a crença de que governadores não conseguem eleger prefeitos na cidade.
No entanto, 2024 promete ser diferente. O governador Ronaldo Caiado, possui índices de popularidade raramente vistos na política goiana. Com mais de 80% de aprovação, Caiado está confiante de que pode quebrar esse ciclo e fazer de Sandro Mabel o próximo prefeito de Goiânia. A alta aprovação de seu governo, marcada por avanços em áreas essenciais como saúde, educação e segurança pública, é um trunfo que não pode ser ignorado. O respaldo da população à gestão estadual pode se transformar em apoio direto a Mabel, favorecendo uma inédita vitória de um candidato alinhado ao governo estadual.
A força política de Caiado é evidente. Sua liderança é reconhecida em todo o estado e sua capacidade de articulação já se mostrou eficaz em diversas ocasiões. A popularidade que construiu, baseada na seriedade com que tem tratado questões sensíveis e no diálogo aberto com diferentes setores da sociedade, poderá, desta vez, refletir nas urnas municipais. O eleitorado de Goiânia, que sempre demonstrou um espírito de independência em relação ao governo estadual, pode ser conquistado pela boa imagem que o governador consolidou ao longo de seu mandato.
Sandro Mabel, por sua vez, é um candidato com experiência e trajetória política consolidada. Empresário e ex-deputado federal, ele traz para a disputa uma visão de gestor que pode atrair os votos de eleitores que buscam uma administração mais eficiente e moderna para a capital. Mabel não apenas carrega o apoio do governador, mas também conta com o respaldo do MDB, partido que tem uma longa história de protagonismo em Goiânia. O vice-governador Daniel Vilela, presidente estadual da sigla, está ao lado de Mabel nessa campanha, trazendo o peso do MDB e sua tradição na gestão pública como um diferencial importante.
O MDB tem uma ligação histórica com a cidade, tendo governado Goiânia em diversos momentos. Esse legado pode ser uma vantagem estratégica na campanha de Mabel, que, além de contar com o apoio do governo estadual, herda a experiência e o reconhecimento da legenda. Para muitos eleitores, a combinação do respaldo do governador e a força do MDB pode ser o fator decisivo para escolher Mabel como o próximo prefeito da capital.
Se Caiado conseguir transferir sua popularidade para Mabel, a eleição de 2024 pode representar uma virada significativa na política de Goiânia. A tradição de rejeitar candidatos apoiados pelo governo estadual pode, finalmente, ser quebrada. A popularidade de Caiado, somada à força do MDB, cria um cenário favorável para essa mudança histórica. Caso Mabel seja eleito, Ronaldo Caiado não apenas quebrará um tabu que já dura mais de 30 anos, mas também consolidará sua liderança como um dos governadores mais influentes da história recente de Goiás.