Trump e o impacto no Brasil: quais os desafios para a diplomacia e a política brasileira
Possível segundo mandato de Trump traz dúvidas sobre ambiente, China e eleições futuras no Brasil
A reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos reacende questionamentos sobre o impacto de sua política externa no Brasil, incluindo temas como meio ambiente, relações comerciais e disputas diplomáticas. Analistas políticos apontam que, com Trump, a abordagem americana tende a ser mais direta, principalmente em relação a aliados estratégicos e a rivais comerciais, como a China, o que poderia alterar o equilíbrio diplomático que o Brasil busca manter. Segundo especialistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria que lidar com um cenário de desconfiança inicial, visto que a política externa de Trump se concentra em alianças que aceitam seu estilo de liderança.
Os analistas Tanguy Baghdadi e Hussein Kalout ressaltam que a relação entre os governos pode se manter funcional, embora possivelmente fria. No último mandato de Trump, o republicano demonstrou afinidade com líderes que apoiam sua visão, o que o aproximou do ex-presidente Jair Bolsonaro. Esse vínculo pode ser um fator de pressão para o Brasil, já que os eleitores de ambos compartilham visões conservadoras, e uma nova campanha eleitoral no Brasil poderia ser influenciada por Trump, sobretudo caso ele decidisse apoiar um candidato de direita.
Baghdadi e Kalout também destacam que, em temas ambientais, a administração Trump tende a priorizar interesses econômicos internos, o que dificultaria uma agenda ambiental internacional mais restritiva, como a desejada por Lula e pelo governo brasileiro. A falta de apoio a pautas ambientais, essencial para as metas climáticas globais, poderia prejudicar a colaboração entre os dois países em acordos ecológicos e colocar o Brasil em uma posição difícil perante a comunidade internacional, caso fosse necessário alinhar-se com Trump.
No entanto, a relação entre Brasil e Estados Unidos não deve se tornar prioritária para o republicano, sugerem os especialistas. Trump, com seu perfil mais agressivo em relação à China, poderia forçar o Brasil a buscar laços econômicos e políticos ainda mais estreitos com a potência asiática, comprometendo, assim, a tradicional postura de neutralidade brasileira. O mesmo ocorre em relação à Venezuela, onde Trump tem uma posição inflexível contra o governo de Nicolás Maduro, o que poderia colidir com a abordagem diplomática brasileira, historicamente menos interventiva.
Nesse novo cenário, a posição do Brasil nas relações internacionais pode passar por uma fase de ajustes, buscando equilibrar os interesses regionais e comerciais diante das complexas exigências de uma política externa americana, que parece inclinar-se a uma postura de “amigo-dominante.”