Vereadores tentam lavar as mãos após quatro anos ao lado de Rogério Cruz
Após anos de omissão, vereadores agora cogitam afastar o prefeito nos últimos dias de sua gestão desastrosa, em uma tentativa clara de reescrever suas histórias políticas diante do eleitorado
Faltando menos de um mês para o fim da gestão de Rogério Cruz, vereadores da Câmara Municipal de Goiânia ensaiam uma narrativa de distanciamento, ventilando a ideia de afastar o prefeito. A movimentação, tardia e ineficaz, é vista como um teatro político para tentar escapar da associação com os escândalos que marcaram a administração.
Durante os últimos quatro anos, a maioria dos vereadores manteve uma postura cúmplice diante do caos que tomou conta da cidade. Mesmo diante de denúncias graves de superfaturamento na coleta de lixo, crises no transporte público, crise na educação infantil, falta de vagas em creches, e o colapso da saúde, a Câmara Municipal permaneceu inerte. Não houve esforço real para fiscalizar o Executivo ou debater seriamente um processo de afastamento nos momentos em que isso seria mais necessário e viável.
Agora, com a gestão municipal desmoralizada e derrotada nas urnas, a ideia de afastar Rogério Cruz soa mais como um artifício político do que uma iniciativa séria. Afinal, qualquer tentativa de impeachment no apagar das luzes de seu mandato não possui tempo hábil para se concretizar, o que deixa claro que a intenção é apenas alimentar uma narrativa de ruptura para agradar um eleitorado indignado.
Metade dos vereadores dessa legislatura foi reeleita, o que reforça o fato de que, durante o mandato de Cruz, muitos não só se omitiram, mas também se beneficiaram do loteamento de cargos e da troca de favores políticos que marcaram a gestão. Foram anos de silêncio frente às denúncias e investigações que escancaravam a ineficiência e a corrupção no governo municipal.
Essa tentativa de última hora de se desvincular de Rogério Cruz ignora que os vereadores foram peças-chave na governabilidade que permitiu à gestão afundar Goiânia em crises. É uma jogada arriscada, pois o eleitorado, cada vez mais atento, tende a enxergar essa movimentação como uma manobra desesperada e sem credibilidade.
O discurso de “não compactuamos com essa gestão” não convence quando os mesmos que agora falam em afastamento estiveram ao lado do prefeito em momentos cruciais. A crise em Goiânia não é apenas o legado de Rogério Cruz, mas também daqueles que, durante quatro anos, permitiram que ela se agravasse.