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Pesquisas eleitorais como combustível para notícias falsas

A falta de confiança na política é exacerbada pelas falsidades que distorcem os dados estatísticos eleitorais

Os sinais de que estamos prestes a vivenciar uma eleição atípica neste ano são muitos. Além das articulações, antecipações de campanha e alianças inesperadas, há também o receio dos impactos que a polarização política pode causar ao longo do processo eleitoral. Dentro desse cenário, nunca é demais alertar sobre os perigos das fake news.

Entre os muitos indícios de que a eleição deste ano já é incomum, está a avalanche de pesquisas eleitorais. A todo momento, há tentativas de mostrar para onde o eleitorado está se inclinando. Esses levantamentos servem como um bom termômetro. Neste ano, é possível medir a aceitação dos candidatos quase que semanalmente – após cada evento de relevância nacional, surge a divulgação de uma nova pesquisa.

As pesquisas de opinião têm sido utilizadas em eleições há mais de meio século, embora seu impacto no processo eleitoral tenha se intensificado apenas nos últimos anos. Para se ter uma ideia, o Código Eleitoral de 1965 já incluía dispositivos que mencionavam prévias ou testes pré-eleitorais. Com o passar do tempo e a popularização das pesquisas, a legislação evoluiu para regulamentá-las, sendo previstas em capítulo próprio na Lei Eleitoral (1997) e em resoluções do TSE.

Em todas as temporadas eleitorais, somos inundados por pesquisas. Acompanhar esses dados a cada dois anos se tornou parte do nosso cotidiano. No entanto, como tudo que envolve política, as pesquisas também geram desconfianças. O eleitor deve se questionar: os números estão realmente informando ou desinformando?

Não é de hoje que os institutos de pesquisa enfrentam uma crise de credibilidade. Parte desse problema decorre das interpretações equivocadas ou manipulações dos dados em benefício ou detrimento de algum grupo. Esse descrédito é amplificado por notícias falsas que se valem das estatísticas para gerar desconfiança ou criar narrativas políticas fictícias. Quanto mais pesquisas são divulgadas, maiores são as chances de que sejam distorcidas ou apresentadas de forma fraudulenta em aplicativos de mensagens ou redes sociais.

Com a proximidade das eleições, já se observa uma crescente disseminação de números que indicam a preferência dos eleitores; muitos seguem metodologias que obedecem às regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas outros não passam de fake news.

As pesquisas têm o poder de influenciar as decisões dos eleitores, mesmo com opiniões divergentes sobre esse impacto. Em qualquer eleição, os eleitores podem ser divididos em dois grupos principais: aqueles que estão firmemente comprometidos com o candidato A ou B e aqueles que preferem decidir mais tarde. Este segundo grupo, que não é necessariamente indeciso, mas ainda não escolheu um candidato específico, pode ser influenciado por uma combinação de pesquisas e propaganda eleitoral. É exatamente esse público que é alvo das notícias falsas, que buscam aumentar a credibilidade de um candidato ou desqualificar o oponente. Assim como as pesquisas reais afetam as decisões dos eleitores, os números manipulados intencionalmente em fake news também exercem forte influência na definição de um voto.

Um estudo recente, não sobre intenções de voto, mas sobre a influência das fake news nas eleições, revela que a disseminação de notícias falsas em aplicativos de mensagens e redes sociais pode ter um grande impacto no resultado das eleições deste ano. Segundo o Datafolha, 60% dos entrevistados acreditam que essas notícias podem influenciar muito o resultado das eleições, 22% acham que o impacto será moderado, 15% dizem que não haverá interferência, e 3% não souberam responder. No total, 84% dos participantes têm conta em alguma plataforma digital, sendo 82% no WhatsApp, 61% no Facebook, 56% no Instagram, 30% no TikTok, 20% no Telegram e 16% no Twitter.

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